sábado, 28 de março de 2009
Portugal é uma terra de altos e baixos.
Parece uma fábrica mas não é. É uma mercearia gigante. E a julgar pelo complexo de inferioridade latente, deve ser no mínimo a maior da Europa. Fica na fronteira dos Concelhos da Amadora, Lisboa e Odivelas.
Chama-se "Dolce Vita" porque esta coisa do hedonismo não tem a ver com filosofia, mas sim com uma espécie de cárcere em que se faz o embotamento dos sentidos. O poder, a vigilância e a punição adquirem formas subtis de estabilidade e segurança, nestes paraísos comerciais de consumo. A democracia foi limitada ao poder da escolha caprichosa, subliminarmente induzida no consumidor: Eu sou livre de comprar o produto que a estrela mediática diz usar, mesmo que isso me consuma metade do salário. O efeito que essa decisão inspira em mim eleva-me nas alturas da confiança e do triunfo. Quando verificar a importância real da minha decisão caio num baixo de frustração, arrependimento e submissão. O desejo por outra inutilidade formata o meu conformismo entre a insatisfação e o clímax do apaziguamento que o consumo provoca. É uma nova forma com que se revestiu a velha servidão.
quarta-feira, 25 de março de 2009
Luís Filipe a origem do nome. (P'rá Zabelinha que hoje é pequenina)
O meu pai que foi soldado na Póvoa do Varzim e de lá trouxe uma veneração respeitosa pelo mar e pelas pessoas do mar: os que ficam na angústia da separação e os que se demoram na ansiedade do não retorno. Veio depois para a Base Aérea nº 1 na Granja do Marquês em Sintra. Aí ganhou um apreço pelas coisas do ar, um espanto pelo ócio das praias, e uma percepção mística da divindade. A isto não será alheio o nevoeiro que envolve a montanha mágica, conhecida nas notas históricas mais remotas como A Montanha da Lua e que nós chamamos Serra de Sintra. Mas não terá sido apenas isso que ele ganhou. Ganhou também um nome para o filho que viesse a ter.
Num dos palácios, o da Vila ou o da Pena esteve em exposição um quadro retratando uma criança muito bonita acompanhada de um cão enorme. Era o retrato do Príncipe Real D. Luís Filipe, filho mais velho da Rainha D. Amélia e do Rei D. Carlos.
Segundo o que me contou, meu pai no seu pensamento auspicioso terá dito para si próprio: Se algum dia tiver um filho ele chamar-se-á Luiz como meu pai e Filipe como esta criança tão linda.
Muitos anos mais tarde sendo eu já adulto, tive a oportunidade de conhecer essa pintura. Foi numa exposição retrospectiva do pintor José Malhoa, assim que vi o quadro reconheci-o imediatamente. Uma criança loura de cabelo comprido toma apoio pelo antebraço num cão de grande porte de uma raça que não reconheço. Entre o dogue e o braco o castro laboreiro e o serra de estrela. O cão está representado numa ténue obscuridade e parece sólido como uma rocha. A criança traja uma veste luminosa de sêda ou outro tecido refulgente que lhe cai até aos joelhos, sua cintura é cingida por uma faixa azul celeste. Sem dúvida é uma criança esplêndida.
Esta criança que nasceu no dia 21 de Março, com a Primavera do ano de 1887, foi como as flores colhida precocemente, e a sua vida breve viria a terminar no Terreiro do Paço em Fevereiro de 1908 no atentado que também vitimou D. Carlos e que dois anos depois a 5 de Outubro de 1910, viria a culminar com o fim da Monarquia em Portugal .
Sempre que passo a pé pelo Terreiro do Paço junto ao local onde aconteceu o atentado lembro-me desse jovem de quem sou homónimo. Associo-o com outra coisa que aprendi com o meu pai. Gostar de flores; mas sem as cortar para as colocar numa jarra. Sempre que ofereci flores, ofereci toda a planta no vaso. Não se colhe o que já tem vida breve, e a Vida é sempre breve.
terça-feira, 24 de março de 2009
O seu nome é Luís Filipe ?
Quando me apresentei ao Chefe do Laboratório de Metrologia, como candidato enviado pelas oficinas, onde tinha durante anos torneado e rectificado peças em série, ao ouvir o meu nome o Sr. Manuel da Silva que era de Penafiel, diz-me: "-Não leve a mal mas olhe que o maior filho-da-puta que eu conheci se chamava Luís Filipe!"
Nesses tempos de juventude eu era muito mais reservado e reflectido do que hoje sou. Limitei-me a sorrir, pois tinha entendido a mensagem que me estava a ser transmitida. Não penses que o posto de trabalho no laboratório é teu. Não penses que ao vires para aqui mudas de classe.
Afinal o Manuel da Silva estava a exorcisar os seus próprios fantasmas. No tempo a que ele se referia antes do 25 de Abril de 1974, a tirania caprichosa confundia-se com disciplina e sobrepunha-se à organização e à planificação. A vigilância e a denúncia dos informadores com objectivos punitivos, prevalecia sobre a formação ética e a instrução técnica.
Ao se apresentar assim tão hostilmente o Manuel da Silva tinha despertado em mim, sem o saber, uma postura que filosofias orientais ensinam. A de que os nossos adversários e inimigos são mestres que nos transmitem um conhecimento.
domingo, 22 de março de 2009
Gatos pretos.
Sem cauda. Por nascimento ou por acidente? Não sei. São gatos da rua. Machos activos e independentes. Com as maxilas largas a indicar que tem perto de três anos.Vou mantendo biscoitos sêcos e água. Por vezes trago-lhes guloseimas.
O gato que perdeu a pata sofreu um acidente. Não teve qualquer tratamento. Quando apareceu, a pata vinha pendurada e acabou por cair, como uma folha sêca. O gato mantém toda a mobilidade e não parece debilitado pela amputação que aconteceu há mais de dois meses.
sexta-feira, 20 de março de 2009
O Banqueiro e a Galinha dos ovos de ouro. Uma colorida História Cinzenta e Infantil.
Era uma vez os Economistas. Os Economistas são esses Magos de Grande Ciência e lápis atrás da orelha, sempre prontinhos para uma continha de cabeça ou uma previsãozinha catastrófica capaz de desgraçar alguém. Os Economistas, dizia eu, andavam todos aos papeis: "O meu é bom!" -gritava um-"...mas o meu é cor de rosa! -atalhava o outro- "Mas o meu dá direito a SPA e pêras!!"; "Toma lá, dá cá, fico com a tua resma, com SPA e Pêras e tu levas Pêros Golden e um maço de papel cor de rosa em troca.-A azáfama no mercado era todos dias grande e em grande.- "Quem quer papelinhos laranja? Quem quer almoçar?..." -apregoava a Dona Branca- "Isso ser Vermelho, não ser naranja!" -exclama afirmativo um senhor com ar estrangeiro mas bem parecido, limpo e educado, isto nas palavras da Técnica Agente Constâncio que é Técnica Inspectora de 1ª categoria de Bancas, Mercados e Praças. "Quais Vermelho quais nada isto é mas é encarnado, Encarnado de Cascais!" -Retorquiu em auxílio Capêto Caldeira um moço que anda nos mercados há muito e sabe do que fala. Marcela Ferrête Leiteira, e Metéllo Rabêlo e Cousa um casal do Fim-do-Mundo. Ao ouvirem Encarnado de Cascais quiseram logo trocar os seus papeis verde sapo, pelos papeis cor de laranja que afinal não eram Vermelhos mas encarnados de Cascais que deve ser cor parecida com a da laranja. "Não não!"-diz a Dona Branca -só em troca de ouro. Ouro de Lei. O senhor com ar estrangeiro, mas em bom, insinuou um gesto de retirar do dedo médio um anel gigante, um cachucho. Os dois do Fim-do-Mundo, numa sacudidela ágil e rápida que parecia treinada, baixaram as cabeças e logo os cordões de ouro e filigranas de várias gerações de avós minhotas caíram no colo da Dona Branca. Esta, logo lhes entregou um carrêgo de papeis encarnados de Cascais e com um sorriso indisfarçado afastou-se da feira com o cúmplice Capêto Caldeira em passos apressados.
Ora, os papeis primeiro são activos. Depois tornam-se inactivos. Mas antes que se tornem passivos os papeis voam. E assim voaram para não mais voltar.
Moral da História. Assim se descobriu que: 1º- ao contrário das galinhas, os papeis voam. 2º- A galinha da minha vizinha parece ser maior que a minha. 3º- O Estado que guarda o dinheiro que quase todos entregamos para o bem comum, parece-se muito com uma gigantesca e abrigadora galinha de ovos de ouro. Por isso temos de a proteger dos casais que da Serra, do Monte, da Ilha, do Fim-do-Mundo, mas ao serviço do Banco do Inferno dizem cuspindo enxofre:"É preciso continuar a despejar dinheiro nos Bancos que investiram em papeis."?????????? A isto,é preciso dizer-mos: NÃO! A riqueza de uns não pode ser feita à custa da miséria alheia.
quarta-feira, 18 de março de 2009
segunda-feira, 16 de março de 2009
domingo, 15 de março de 2009
Aster, uma casa para aprender e fazer gravura na Ameixoeira.
Aster - Associação Cultural de Artistas e Gravadores em Lisboa na Ameixoeira, aberta a projectos de ensino e execução de técnicas de gravura artística.
Estela preparando as suas chapas. Na retaguarda a prensa manual para xilogravura e linogravura.
Estela limpa a sua chapa preparando-a para tirar provas.
As mãos sábias da mestre Irene Ribeiro fazem a limpeza do excesso de tinta da chapa gravada. A tinta só deve ficar nos sulcos.
Colocando com exactidão o papel humedecido sobre a chapa entintada.
Após passagem na prensa eléctrica retirando cuidadosamente a folha impressa que sempre adere à chapa que estava entintada.
A primeira visualização para ver se o desenho foi todo transferido da chapa para o papel.
O resultado da impressão vai para a secagem.
A apreciação da gravura impressa no secador de papeis.
Christiane grava a ponta-sêca no terraço onde bate o sol
Christiane limpa a pequena chapa que esteve a gravar.
Collete desenha a tinta da china. Na parede atrás o estendal de gravuras de pequeno formato em técnicas variadas.
Maria Helena prepara uma transparência para serigrafia, mas esse assunto terá de ficar para outro dia.
sábado, 14 de março de 2009
sexta-feira, 13 de março de 2009
Exercer a cidadania-manifestar a indignação: 200 mil Fizeram-no.
quarta-feira, 11 de março de 2009
Terra de Moínhos de Vento
terça-feira, 10 de março de 2009
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