domingo, 31 de dezembro de 2017
domingo, 24 de dezembro de 2017
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
sábado, 16 de dezembro de 2017
Salão dos Sócios da Sociedade Nacional de Belas Artes 2017 a Menção Honrosa.
A Menção Honrosa.
Ontem inaugurou o Salão dos Sócios da SNBA de 2017.
Tenho exposto um livrinho dos que me acompanham quase sempre.
Esses livros temáticos, cadernos de apontamentos, ou livros de esboço aos quais por vezes chamam livros de artista são o alfôbre onde colho as ilustrações que aqui costumo reproduzir.
O que lá vou desenhando e escrevendo são reflexões da minha vivência e do que a experiência diária me impele a criar.
Alguns poderão ser parcialmente considerados diários mas de facto a maioria tem uma vaga ordem cronológica.
Há muito que abandonei qualquer tentativa de classificação ou sistematização. Mantenho vários livros em simultâneo, alguns produzidos por artesãos encadernadores, outros de produção industrial, outros feitos por mim próprio.
O primeiro livro que fiz deste último género foi em 1982 e lembro-me disso porque nele escrevi e desenhei sobre o falecimento de Elis Regina que eu muito apreciava.
Este livro que aqui apresento acompanhou-me numa viagem ao norte de Portugal entre Vila Nova de Cerveira e Bragança.
A imagem exposta é um desenho feito após Visita ao Museu Abade de Baçal em Bragança.
Já aqui a apresentei em Julho.
Se tivesse título seria S.T.T.L. - SIT TIBI TERRA LEVIS (que a terra te seja leve).
É uma forma latina, pré-cristã, usada como epitáfio e que está gravada numa estela funerária romana que se encontra naquele museu.
O caderno foi produzido por uma associação de artesãos Labor-C.A.O. que é uma Cooperativa de Solidariedade Social situada aqui em Lisboa nos Olivais.
A Sociedade Nacional de Belas Artes decidiu este ano relevar o meu trabalho com a atribuição de uma Menção Honrosa.
O Prémio da SNBA 2017 foi para Ana Galvão, artista que se tem notabilizado na gravura e que tem uma exposição patente na Galeria Quadrum em Lisboa: "O Gosto Solitário de Gravar" Sábado e Domingo das 14 às 18 horas e de Terça a Sexta-Feira das 10 às 13 horas e das 14 às 18 horas.
Ontem inaugurou o Salão dos Sócios da SNBA de 2017.
Tenho exposto um livrinho dos que me acompanham quase sempre.
Esses livros temáticos, cadernos de apontamentos, ou livros de esboço aos quais por vezes chamam livros de artista são o alfôbre onde colho as ilustrações que aqui costumo reproduzir.
O que lá vou desenhando e escrevendo são reflexões da minha vivência e do que a experiência diária me impele a criar.
Alguns poderão ser parcialmente considerados diários mas de facto a maioria tem uma vaga ordem cronológica.
Há muito que abandonei qualquer tentativa de classificação ou sistematização. Mantenho vários livros em simultâneo, alguns produzidos por artesãos encadernadores, outros de produção industrial, outros feitos por mim próprio.
O primeiro livro que fiz deste último género foi em 1982 e lembro-me disso porque nele escrevi e desenhei sobre o falecimento de Elis Regina que eu muito apreciava.
Este livro que aqui apresento acompanhou-me numa viagem ao norte de Portugal entre Vila Nova de Cerveira e Bragança.
A imagem exposta é um desenho feito após Visita ao Museu Abade de Baçal em Bragança.
Já aqui a apresentei em Julho.
Se tivesse título seria S.T.T.L. - SIT TIBI TERRA LEVIS (que a terra te seja leve).
É uma forma latina, pré-cristã, usada como epitáfio e que está gravada numa estela funerária romana que se encontra naquele museu.
O caderno foi produzido por uma associação de artesãos Labor-C.A.O. que é uma Cooperativa de Solidariedade Social situada aqui em Lisboa nos Olivais.
A Sociedade Nacional de Belas Artes decidiu este ano relevar o meu trabalho com a atribuição de uma Menção Honrosa.
O Prémio da SNBA 2017 foi para Ana Galvão, artista que se tem notabilizado na gravura e que tem uma exposição patente na Galeria Quadrum em Lisboa: "O Gosto Solitário de Gravar" Sábado e Domingo das 14 às 18 horas e de Terça a Sexta-Feira das 10 às 13 horas e das 14 às 18 horas.
sábado, 9 de dezembro de 2017
Vivemos tempos assustadores.
Talvez os tenhamos vivido sempre,
mas agora parece que o mêdo é algo que nos persegue
sem lhe darmos luta.
(para a Ruth)
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
Ginjinha.
A propósito do livro "Ginjinha portuguesa" que pode ser visto e encomendado nesta ligação, fica aqui um desenho feito numa das conferências que a Doutora Ana Marques Pereira refere na página de apresentação deste seu livro no blogue http://garfadasonline.blogspot.pt/ .
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
D. T. é um poema de Fernando Pessoa escrito em inglês, talvez no ano de 1935 o ano do seu falecimento.
D. T.
The other day indeed,
With my shoe, on the wall,
I killed a centipede
Which was not there at all.
How can that be?
It's very simple, you see -
Just the beginning of D. T.
When the pink alligator
And the tiger without a head
Begin to take stature
And demanded to be fed,
As I have no shoes
Fit to kill those,
I think I'll start thinking:
Should I stop drinking?
But it really doesn't matter...
Am I thinner or fatter
Because this is this?
Would I be wiser or better
If life were other than this is?
No, nothing is right.
Your love might
Make me better than I
Can be or can try.
But we never know
Darling, I don't know
If the sugar of your heart
Would not turn out candy...
So I let my heart smart
And I drink brandy.
Then the centipede come
Without trouble.
I can see them well.
Or even double.
I'll see them home
With my shoe,
And, when they all go to hell,
I'll go too.
Then, on a whole,
I shall be happy indeed,
Because, with a shoe
Real and true,
I shall kill the true centipede -
My lost soul!...
The other day indeed,
With my shoe, on the wall,
I killed a centipede
Which was not there at all.
How can that be?
It's very simple, you see -
Just the beginning of D. T.
When the pink alligator
And the tiger without a head
Begin to take stature
And demanded to be fed,
As I have no shoes
Fit to kill those,
I think I'll start thinking:
Should I stop drinking?
But it really doesn't matter...
Am I thinner or fatter
Because this is this?
Would I be wiser or better
If life were other than this is?
No, nothing is right.
Your love might
Make me better than I
Can be or can try.
But we never know
Darling, I don't know
If the sugar of your heart
Would not turn out candy...
So I let my heart smart
And I drink brandy.
Then the centipede come
Without trouble.
I can see them well.
Or even double.
I'll see them home
With my shoe,
And, when they all go to hell,
I'll go too.
Then, on a whole,
I shall be happy indeed,
Because, with a shoe
Real and true,
I shall kill the true centipede -
My lost soul!...
sábado, 25 de novembro de 2017
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
Para Herberto Helder o gás dos últimos dias.
por causa do seu poema:
a última bilha de gás (que) durou dois meses e três dias.
a última bilha de gás durou dois meses e três dias,
com o gás dos últimos dias podia ter-me suicidado,
mas eis que se foram os três dias e estou aqui
e só tenho a dizer que não sei como arranjar dinheiro para outra bilha,
se vendessem o gás a retalho comprava apenas o gás da morte,
e mesmo assim tinha de comprá-lo fiado,
não sei o que vai ser da minha vida,
tão cara, Deus meu, que está a morte,
porque já me não fiam nada onde comprava tudo,
mesmo coisas rápidas,
se eu fosse judeu e se com um pouco de jeito isto por aqui acabasse nazi, já seria mais fácil,
como diria o outro: a minha vida longa por muito pouco,
uma bilha de gás,
a minha vida quotidiana e a eternidade que já ouvi dizer que a habita e move, não me queixo de nada no mundo senão do preço das bilhas de gás,
ou então de já mas não venderem fiado
e a pagar um dia a conta toda por junto:
corpo e alma e bilhas de gás na eternidade
- e dizem-me que há tanto gás por esse mundo fora,
países inteiros cheios de gás por baixo!
( A Morte sem Mestre;. Porto Editora, 2014)
o gás dos últimos dias
Saberá Herberto Helder das palavras.
Do peso que têm as palavras
na boca como pedras,
as pedras que Demóstenes colocava
para não gaguejar.
Mas de gás? sabe Herberto Helder
tanto como eu sei de Demóstenes.
Há gases que matam
e outros que permitem a Vida
e os que permitem um tipo de vida em vez de outra.
De gases é composto o Ar que respiramos
uma mistura rigorosa numa proporção exacta,
estequiométrica:
Com um pouco menos de oxigénio
sucumbiríamos exaustos;
com um pouco mais de oxigénio
arderia tudo à nossa volta.
O gás dos últimos dias
podia ser suficiente para morrer? Sim!
Se fôssem últimos, os dias:
Uma absurda escorregadela no último banho,
uma queda com pancada fatal na nuca ou na têmpora,
sem anúncio ou aviso que seria último o banho;
Ou o esquentador sem chaminé nem janela para a rua
na casa de banho...
Mas já não os instalam assim.
É verdade que a vida está cara
e a morte tão cara quanto ela.
É essa a natureza do preço,
do mausoléu, do cenotáfio e da vala comum.
do mausoléu, do cenotáfio e da vala comum.
Já vivi em tempo de dinheiro escasso,
tomei banho de água fria sem gaz, nem bilha,
e carreguei lenha a poceiro nos dias de caramelo
para aquecer a água no pote de ferro de três pernas,
água carregada a cântaro entre as mulheres
- as mulheres não se queixam de nada no mundo,
nem do preço das bilhas de gás,
mesmo quando parece que só estão
se queixando -
aprendi com elas.
Não me queixo do custo do gás,
nem da desgraça dos países,
cheios da abundância
do gás por baixo
do gás por baixo
nem de toda a sua miséria,
presente e futura,
nem da miséria de isto por aqui acabar nazi
para mim que sou qualquer coisa semita,
Judeu e Mouro entre tantas outras características
que herdei aqui nesta orla do mediterrâneo atlântico.
Judeu e Mouro entre tantas outras características
que herdei aqui nesta orla do mediterrâneo atlântico.
No entanto não me conformo de isto por aqui acabar
com um qualquer Zyklon B mortalmente eficaz
na destruição massiva de vidas humanas como pragas,
zoológicamente classificadas imprestáveis
pela organização normativa e industrial,
de ladrões genocidas,
zoológicamente classificadas imprestáveis
pela organização normativa e industrial,
de ladrões genocidas,
que cria valor acrescentando os desertos
a que chama espaço vital.
a que chama espaço vital.
O kaos e a eternidade são uma probabilidade
na fronteira do nosso entendimento
na fronteira do nosso entendimento
e são a mesma coisa num fugaz ponto do espaço
onde tudo existe ao mesmo tempo.
Saberá Herberto Helder das palavras,
do peso que têm as palavras
na boca como pedras,
as pedras que Demóstenes colocava contra o Caos,
mas de gás?
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
desenhos inquietos
Não consigo desenhar a violência!
...mas não sabia ele toda a agressão daquele artesanato de coisas belas e inconsequentes que se contentava fazer e repetir com satisfação.
terça-feira, 21 de novembro de 2017
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
Os incapazes
Os Incas descendentes dos grandes construtores de Machu Picchu, e das grandes
estruturas anti-sísmicas, em que o encaixe de blocos de pedra de muitas
toneladas é feito com rigor milimétrico; distinguem as
muralhas antigas que permanecem de pé, das que mais tarde foram erguidas pelos
"conquistadores" e que os terramotos arruínam. E dizem: "aquelas
paredes foram feitas pelos Incas estas foram feitas pelos incapazes".
domingo, 12 de novembro de 2017
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
terça-feira, 7 de novembro de 2017
domingo, 5 de novembro de 2017
Tavares é um topónimo de um território situado em Portugal na antiga Beira Alta.
Onomásticamente, Tavares é um antropónimo, derivado do topónimo da região portuguesa pertencente a Mangualde, Viseu.
O Concelho de Chãs de Tavares extinto recentemente (1853), era um território que integrava várias povoações com o nome de Tavares como: Travanca de Tavares, Várzea de Tavares, Vila Cova de Tavares, Vila Mendo de Tavares etc. A Dona Teresa mãe de Afonso Henriques andou por aqui e terá dado terras a um Pedro Viegas concedendo-lhes foral em 1114. Há quem defenda que Gil Vicente aqui terá nascido em Guimarancios (Guimarães de Tavares). Certeza porém é que João Ferreira de Almeida o primeiro tradutor do Novo Testamento para a Língua Portuguesa a partir de línguas originais, nasceu por aqui em Torre de Tavares no ano de 1628.
Eu também sou Tavares como muitos mais por esse mundo fora. Fica aqui a alegria de um famoso quinteto homónimo, os "Tavares", cujos antepassados terão saído deste pequeno território beirão de que falei, terão passado por Cabo Verde, e por fim chegado a terras do Novo Mundo.
O Concelho de Chãs de Tavares extinto recentemente (1853), era um território que integrava várias povoações com o nome de Tavares como: Travanca de Tavares, Várzea de Tavares, Vila Cova de Tavares, Vila Mendo de Tavares etc. A Dona Teresa mãe de Afonso Henriques andou por aqui e terá dado terras a um Pedro Viegas concedendo-lhes foral em 1114. Há quem defenda que Gil Vicente aqui terá nascido em Guimarancios (Guimarães de Tavares). Certeza porém é que João Ferreira de Almeida o primeiro tradutor do Novo Testamento para a Língua Portuguesa a partir de línguas originais, nasceu por aqui em Torre de Tavares no ano de 1628.
Eu também sou Tavares como muitos mais por esse mundo fora. Fica aqui a alegria de um famoso quinteto homónimo, os "Tavares", cujos antepassados terão saído deste pequeno território beirão de que falei, terão passado por Cabo Verde, e por fim chegado a terras do Novo Mundo.
sábado, 4 de novembro de 2017
terça-feira, 31 de outubro de 2017
domingo, 29 de outubro de 2017
A arte é a linguagem da incomunicabilidade.
Tomar para mim o conselho que dou aos outros:
-Desenhar em bom papel.
Na mesa do almoço deixáste um desenho tão bom na toalha de papel. Aqui em casa sobre papel bom desenhas isto. O que é isto?
Quando o pensamento é remoto e por momentos não vivemos a percepção presente mas a da memória, o desenho volta infantil, coevo com a memória na sua aparência, mas marcado por um transe que só pode vir do futuro, que é o presente que a memória não deveria ainda conhecer.
-Desenhar em bom papel.
Na mesa do almoço deixáste um desenho tão bom na toalha de papel. Aqui em casa sobre papel bom desenhas isto. O que é isto?
Quando o pensamento é remoto e por momentos não vivemos a percepção presente mas a da memória, o desenho volta infantil, coevo com a memória na sua aparência, mas marcado por um transe que só pode vir do futuro, que é o presente que a memória não deveria ainda conhecer.
Remetente: -É
arte bruta!
Destinatário: -Arte
bruta o caralho!
Remetente: -!?
Destinatário: -Vai
mas é chamar bruta a quem te pariu.
Arte Bruta:
Expressão traduzida a partir da língua francesa, criada
por Jean Dubuffet :“Art Brut”.
A tradução verte para português as palavras art brut
que originalmente queriam significar arte crua. Em português soa mal tal
expressão, uma vez que este tipo de arte, até então nem sequer reconhecida como
arte, era produzido por pessoas internadas em hospitais ditos psiquiátricos. O
local onde se exilam e asilam os brutos, os alienados.
Internadas e enclausuradas alegadamente por padecerem
de doenças mentais ou simplesmente por serem refractários à moralidade ou ao
comportamento social dominante muitas destas pessoas produziram aquilo que o espírito humano sempre produz a partir do seu âmago: Arte. A falta de sistema referencial que validásse esta arte como tal, nestes locais tão desolados e desoladores, alguns deles verdadeiros campos de concentração, terá provocado em Dubuffet o desejo da sua recuperação e reconhecimento como tal.
Esta arte primordial livre de influências de escolas
ou academias é uma arte feita espontaneamente e brota como as nascentes. À
semelhança das nascentes os vendilhões do templo tudo transformam em mercadoria. À apropriação que fazem e à corrupção que provocam chamam criação de valor e assim a esta nascente logo trataram de a encanar, engarrafar e distribuir pelos mercados do costume criando valor. Os artistas? Bem, é o que se sabe.
sábado, 28 de outubro de 2017
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
Lluís Llach - Damunt D'Una Terra. Lá pelo ano de 1977 aprendi todas as canções de Lluis Llac de um disco gravado em Barcelona após a queda da ditadura fascista espanhola. Todas aquelas canções me parecem hoje hinos de antecipação à situação que se arrastou desde o séc. XVII, até hoje. Foram hinos para um dia de esperança que chegou. Tal como em 1640 hoje há um Filipe na cadeira.
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
terça-feira, 24 de outubro de 2017
Pavel Grigorievich Chesnokov nasceu neste dia em 1877.Nesta composição pode ser ouvida a voz de um baixo profundo. Uma voz especial que na música da tradição russa é muito frequente.
"Não me rejeites na velhice"
Não me rejeites na velhice
quando não me restarem forças
não Te esqueças de mim
agora que os inimigos conspiram
com os que esperam emboscar minha alma
dizendo: "Deus o abandonou
persigam-no e apanhem-no,
pois não há quem lhe valha"
Oh meu Deus não Te afastes de mim
Oh meu Deus urge a Tua ajuda
para que os que de desonram a minha alma
sofram a vergonha e a consumição
porque eu Ti confiarei sempre
e eternamente Te louvarei.
Não me rejeites na velhice
quando não me restarem forças
não Te esqueças de mim
agora que os inimigos conspiram
com os que esperam emboscar minha alma
dizendo: "Deus o abandonou
persigam-no e apanhem-no,
pois não há quem lhe valha"
Oh meu Deus não Te afastes de mim
Oh meu Deus urge a Tua ajuda
para que os que de desonram a minha alma
sofram a vergonha e a consumição
porque eu Ti confiarei sempre
e eternamente Te louvarei.
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
sábado, 21 de outubro de 2017
O que me ensinaram os que sobreviveram aos fogos.
Nestes dias em que apressadamente aqui e ali estendem o microfone rápido aos que sobreviveram ao lume, muito tenho aprendido.
Fiquei a saber que quando se foge por uma estrada ladeada de árvores de combustão rápida como os eucaliptos e os pinheiros há um risco acrescido de morte por não se conseguir chegar a campo aberto e seguro.
Uma vez dentro de uma viatura em fuga e rodeado por chamas, é bem provável que o caminho deixe de se ver por causa do fumo, como se caísse um nevoeiro denso e a cerração não deixásse ver mais que um metro ou dois de distância. Por mais familiar que o caminho seja a desorientação é muito provável.
Este fumo que sufoca e faz arder os olhos, provoca lágrimas que toldam ainda mais a visão. A temperatura, a falta de oxigénio e a desidratação rápida, colocam o cérebro em modo de sobrevivência. Nesse estado as decisões são instintivas. Só um treino anterior pode preparar alguém para contra-intuitivamente e em automatismo, reagir de uma determinada maneira. Por exemplo atravessar as labaredas de uma parede de lume.
Se o caminho de fuga estiver obstruído por viaturas imobilizadas, por ramagens ou árvores que caíram e se se avistar uma brecha para poder fugir a pé; é provável que a porta da viatura não se consiga abrir. Nos carros mais antigos a chapa e os componentes metálicos aquecem e dilatam. Nas viaturas mais recentes os componentes plásticos perdem tenacidade, tornam-se fluidos e fundem.
Se o fogo se aproximar de um povoado, a menos que o caminho de evacuação seja totalmente seguro, é melhor não fugir. É melhor encontrar um terreiro, um adro, um largo, uma praça e fazer um perímetro de arrefecimento. Com vasilhas cheias de água, de vinho, de líquidos neutros e incombustíveis, com eles regar tecidos grossos de fibras naturais, proteger o rosto e as mãos e auxiliar o próximo. Idealmente encontrar um tanque de lavagem ou de rega, uma cisterna, uma represa de água em que o corpo se possa mergulhar e manter arrefecido.
A dependência do fornecimento de energia eléctrica da rede para bombas ou motores de rega ou a dependência do abastecimento de água da rede pública pode ser fatal, porque pode falhar no momento de maior necessidade.
Os cabos aéreos pegam fogo, os postes que os sustentam ardem e colapsam. As canalizações de água perdem a pressão e o caudal. As mais superficiais com o calor fundem e rompem.
Pedir auxílio pode não ser possível devido ao elevado número de comunicações em simultâneo. Os cabos de telecomunicações aéreas também incendeiam, assim como as antenas fixas.
Uma casa que tenha resistido às faúlhas e até às labaredas, devido ao aumento de temperatura das suas paredes, pode sofrer uma auto-ignição e entrar em combustão ardendo de dentro para fora. Assim me relataram que aconteceu em Tondela.
A primeira vez que ouvi falar na auto-ignição de casas, foi pelo relato feito por uma habitante belga que há cem anos durante a Primeira Grande Guerra se lembrava de ter havido um ano particularmente sêco e de um verão com temperaturas elevadas a tal ponto que as casas de madeira em que viviam tiveram de ser molhadas para não entrarem em combustão espontânea. Agora fiquei sabendo que também pode acontecer nas casas de alvenaria mesmo após a avaliação dos bombeiros não ter detectado esse acidente em curso.
Quem poderá, a não sermos nós, guardar este precioso conhecimento?
Como poderemos integrá-lo no nosso quotidiano de forma a ele fazer parte da nossa cultura?
Como poderemos, de outra maneira, alhearmo-nos de uma cultura de segurança esperando outra catástrofe?
Não são só os fogos. São também as cheias, os sismos e o pior de tudo: A corrupção.
Fiquei a saber que quando se foge por uma estrada ladeada de árvores de combustão rápida como os eucaliptos e os pinheiros há um risco acrescido de morte por não se conseguir chegar a campo aberto e seguro.
Uma vez dentro de uma viatura em fuga e rodeado por chamas, é bem provável que o caminho deixe de se ver por causa do fumo, como se caísse um nevoeiro denso e a cerração não deixásse ver mais que um metro ou dois de distância. Por mais familiar que o caminho seja a desorientação é muito provável.
Este fumo que sufoca e faz arder os olhos, provoca lágrimas que toldam ainda mais a visão. A temperatura, a falta de oxigénio e a desidratação rápida, colocam o cérebro em modo de sobrevivência. Nesse estado as decisões são instintivas. Só um treino anterior pode preparar alguém para contra-intuitivamente e em automatismo, reagir de uma determinada maneira. Por exemplo atravessar as labaredas de uma parede de lume.
Se o caminho de fuga estiver obstruído por viaturas imobilizadas, por ramagens ou árvores que caíram e se se avistar uma brecha para poder fugir a pé; é provável que a porta da viatura não se consiga abrir. Nos carros mais antigos a chapa e os componentes metálicos aquecem e dilatam. Nas viaturas mais recentes os componentes plásticos perdem tenacidade, tornam-se fluidos e fundem.
Se o fogo se aproximar de um povoado, a menos que o caminho de evacuação seja totalmente seguro, é melhor não fugir. É melhor encontrar um terreiro, um adro, um largo, uma praça e fazer um perímetro de arrefecimento. Com vasilhas cheias de água, de vinho, de líquidos neutros e incombustíveis, com eles regar tecidos grossos de fibras naturais, proteger o rosto e as mãos e auxiliar o próximo. Idealmente encontrar um tanque de lavagem ou de rega, uma cisterna, uma represa de água em que o corpo se possa mergulhar e manter arrefecido.
A dependência do fornecimento de energia eléctrica da rede para bombas ou motores de rega ou a dependência do abastecimento de água da rede pública pode ser fatal, porque pode falhar no momento de maior necessidade.
Os cabos aéreos pegam fogo, os postes que os sustentam ardem e colapsam. As canalizações de água perdem a pressão e o caudal. As mais superficiais com o calor fundem e rompem.
Pedir auxílio pode não ser possível devido ao elevado número de comunicações em simultâneo. Os cabos de telecomunicações aéreas também incendeiam, assim como as antenas fixas.
Uma casa que tenha resistido às faúlhas e até às labaredas, devido ao aumento de temperatura das suas paredes, pode sofrer uma auto-ignição e entrar em combustão ardendo de dentro para fora. Assim me relataram que aconteceu em Tondela.
A primeira vez que ouvi falar na auto-ignição de casas, foi pelo relato feito por uma habitante belga que há cem anos durante a Primeira Grande Guerra se lembrava de ter havido um ano particularmente sêco e de um verão com temperaturas elevadas a tal ponto que as casas de madeira em que viviam tiveram de ser molhadas para não entrarem em combustão espontânea. Agora fiquei sabendo que também pode acontecer nas casas de alvenaria mesmo após a avaliação dos bombeiros não ter detectado esse acidente em curso.
Quem poderá, a não sermos nós, guardar este precioso conhecimento?
Como poderemos integrá-lo no nosso quotidiano de forma a ele fazer parte da nossa cultura?
Como poderemos, de outra maneira, alhearmo-nos de uma cultura de segurança esperando outra catástrofe?
Não são só os fogos. São também as cheias, os sismos e o pior de tudo: A corrupção.
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
Os populares? Não senhores jornalistas!
Levam o tempo todo a aculturar, a alienar, a nivelar
por baixo, a interromper a informação para ligar à conferência de imprensa do
treinador de futebol, a abrir o noticiário com a lesão deste ou o golo do
outro. Dirigem-se aos telespectadores tratando-os por “você” e depois
referem-se aos concidadãos como sendo “os populares”. O termo
parece inócuo mas não é!
Altaneiros e arrogantes, como titulares de alguma
elite aristocrática, interrompendo quem se alimenta, importunando quem descansa,
na essência são os arautos da conformidade e da conformação. São os colaboradores
do conformismo e realmente fazem a notícia, acicatam, pedem cabeças, mas não
formam nem informam.
Os populares não!
O povo, sim! Os vizinhos, sim! A população, sim! Os
fregueses, os munícipes, os cidadãos, os voluntários sim! Sim! Sim, os que
ajudam, os que auxiliam, os que cooperam, os que não são indiferentes, nem se
alheiam.
Mas nem todos os jornalistas são maus, nem todos
desejam bom dia a quem viu a casa arder, ou acabam de sorriso nos lábios após
relatarem acrescido número na fatalidade dos incêndios. Há jornalistas que
observam e descrevem o que vêem e fazem uma pergunta como esta que eu ouvi: “Como
é possível uma zona industrial não ter instalado bocas-de-incêndio para que se
possam usar no combate ao fogo?”
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