Comprei o disco há mais de 20 anos. A gravação a partir do minuto 29 foi feita numa noite de lua cheia como a de hoje. Cristãos celebravam a sua Páscoa e Muçulmanos o final do Ramadão. O Maestro Dudu N'diaye Rose comandava os tambores. Viviam um momento único de comunhão que ficou registado no disco e neste filme. Há momentos irrepetíveis que têm o condão de nos recordar que a convivência é possível.
sexta-feira, 30 de março de 2018
DUDU Rose (Sénégal Musique / Senegal Music)
Comprei o disco há mais de 20 anos. A gravação a partir do minuto 29 foi feita numa noite de lua cheia como a de hoje. Cristãos celebravam a sua Páscoa e Muçulmanos o final do Ramadão. O Maestro Dudu N'diaye Rose comandava os tambores. Viviam um momento único de comunhão que ficou registado no disco e neste filme. Há momentos irrepetíveis que têm o condão de nos recordar que a convivência é possível.
quarta-feira, 28 de março de 2018
Damien Hirst fala de Francis Bacon | TateShots
Há muitos anos vi uma grande retrospectiva de Francis Bacon, por
essa altura vi também peças de Damien Hirst, nomeadamente a peça
conhecida por "Mother and Child".
A pintura de
Francis Bacon que me parecia herdeira de Chaïm Soutine, repercutia em
mim o desconforto de quem ficou na margem a observar uma violência
incompreensível e injustificável.
Nesse sentido ficar à margem
era até um benefício misericordioso. Era o alívio de ter escapado a uma
escolha sacrificial. No entanto esta marginalidade não me apaziguava o mau
estar causado pela conivência e pelo conformismo. O sentimento quase
infantil da criança que poupada ao castigo, pensa aliviada "ainda bem que
não me calhou a mim" era insustentável perante a pintura de Francis Bacon.
Invariavelmente a sua pintura
causava-me uma repulsa e um desconforto psicológico que me obrigava a
reagir.
As peças de Damien Hirst pelo contrário colocavam-me num estado embotado de sensibilidade por entrarem num referencial de percepção que é comum aos laboratórios e aos açougues.
A desresponsabilização
física e psicológica do interveniente é nesses sítios justificada por um bem maior. A eventual relutância ou
remorso, tem absolvição por algo que é transcendente à
própria decisão do interveniente em nome de um benefício superlativo:
O sacrifício é necessário pela necessidade vital da nutrição do corpo, ou do
alimento do espírito sob a forma de conhecimento e progresso. Mesmo que o
interveniente o seja como simples espectador de uma exposição de arte
contemporânea.
Encontrei depois, descrições deste estado mental, nos testemunhos
feitos por perpetradores que funcionaram e colaboraram em campos de concentração e extermínio e também nos testemunhos de vítimas sobreviventes.
Estas pessoas que sobreviveram ao horror,
foram corrompidas por ele e a sua condição de vítimas e carrascos, voluntários
ou por omissão, são uma alegoria da vivência actual.
O cidadão enquanto habitante da polis; enquanto ser civilizado,
com direito político; abdicou de ser sentinela, “whistleblower” como agora se
diz, deixou de ser testemunha, e prefere deixar de ser observador. Prefere
ser transformado em simples espectador, em consumidor e em utente.
terça-feira, 27 de março de 2018
segunda-feira, 26 de março de 2018
domingo, 25 de março de 2018
As medicinas alternativas e o científico método BOGSAAT
Os falantes de inglês-americano têm um acrónimo BOGSAAT (Bunch Of Guys Sitting Around A Table) que traduzido seria; "Uma Malta Sentada à Mesa".
Infelizmente uma parte das "decisões científicas" são tomadas assim com uma malta sentada à mesa, e com a ajuda de estudos estatísticos dignos daquela anedota do par de amigos em que o comilão come as duas pernas do frango mas estatisticamente cada um comeu uma.
Vem a propósito dizer que a explicação do processo científico de funcionamento do ácido acetilsalicílico como bloqueador da dor era desconhecido até há pouco tempo. No entanto tinha sido patenteado com o nome de aspirina há mais de 100 anos.
Cientificamente era desconhecido o mecanismo como baixava a febre ou como era um anticoagulante do sangue apesar de já ser ser usado há mais de cem anos. No entanto a medicina tradicional que agora costumam chamar alternativa, sabia que as folhas do salgueiro (salix) de onde se extraiu o ácido acetilsalicílico serviam para o mesmo efeito.
Usadas desde a antiguidade como anti-inflamatório, para suprimir ou reduzir a dor e baixar a febre, as folhas do salgueiro não eram mezinhas de charlatão. Mesmo que não fosse possível explicar como actuava o seu efeito.
Invocar a ciência do cânone ocidental como a verdadeira em oposição a outras com praticas milenares como sendo embuste de curandeiros é um dogma tão totalitário como outro qualquer. A triste história do flúor, dos benefícios do fumo do tabaco, ou do combate ao colesterol são preocupantes factos em que o método científico foi posto ao serviço da acumulação de capital contra as populações com ou sem doença declarada. Uma estratégia de criar o doente crónico, um doente ideal que necessitará do medicamento enquanto viver.
Infelizmente uma parte das "decisões científicas" são tomadas assim com uma malta sentada à mesa, e com a ajuda de estudos estatísticos dignos daquela anedota do par de amigos em que o comilão come as duas pernas do frango mas estatisticamente cada um comeu uma.
Vem a propósito dizer que a explicação do processo científico de funcionamento do ácido acetilsalicílico como bloqueador da dor era desconhecido até há pouco tempo. No entanto tinha sido patenteado com o nome de aspirina há mais de 100 anos.
Cientificamente era desconhecido o mecanismo como baixava a febre ou como era um anticoagulante do sangue apesar de já ser ser usado há mais de cem anos. No entanto a medicina tradicional que agora costumam chamar alternativa, sabia que as folhas do salgueiro (salix) de onde se extraiu o ácido acetilsalicílico serviam para o mesmo efeito.
Usadas desde a antiguidade como anti-inflamatório, para suprimir ou reduzir a dor e baixar a febre, as folhas do salgueiro não eram mezinhas de charlatão. Mesmo que não fosse possível explicar como actuava o seu efeito.
Invocar a ciência do cânone ocidental como a verdadeira em oposição a outras com praticas milenares como sendo embuste de curandeiros é um dogma tão totalitário como outro qualquer. A triste história do flúor, dos benefícios do fumo do tabaco, ou do combate ao colesterol são preocupantes factos em que o método científico foi posto ao serviço da acumulação de capital contra as populações com ou sem doença declarada. Uma estratégia de criar o doente crónico, um doente ideal que necessitará do medicamento enquanto viver.
sexta-feira, 23 de março de 2018
quinta-feira, 22 de março de 2018
quarta-feira, 21 de março de 2018
Hoje é dia da poisia e da arvém mas é também o dia da serra.
Hoje dia da poisia e da arvém,
dia em que tantos plantadores se prantam e tantos poetas se poisam fica aqui poisada a minha homenagem aos incansáveis motoserreiros que livram as nossas cidades e as nossas serras dessas pragas que são as arvéns.
Ó motoserreiros que andais por caminhos ermos,
possais vós ao menos, serrar até aos extremos.
Serra acima, serra abaixo, tudo a serrar com moto,
salvai do relaixo bem cortai, velho lenho e tenro broto;
a eito cortai cerro; fundo podai, serrai, e desmatai;
matai mato e giesta e o que presta querer reverdecer
mas ai... o pinhal deixai e o eucalipal bem guardai
pois para a papa bem fazer no verão se há de acender
um grande São João e do céu helicóptero virá com a aviação
em grande procissão a brasa combater para nossa salvação.
-
terça-feira, 20 de março de 2018
A fé e a margem
Não acredito nos missionários da poesia
mas acredito nos que experimentam
o peso das palavras
uma a uma
Acredito nos que acham e colhem o ouro,
doce e sumarento
que oferecem os gomos de mais delicado sabor
Não acredito nos que se querem poetas
mas acredito naqueles que trazem
a navalha afiada no bolso;
que fatiam o pão e as maçãs de sabor metálico,
matam a fome e aguçam o espanto das crianças órfãs
nos pequenos lápis de desenhar.
Não acredito na poesia
mas acredito na revelação contínua da palavra
como relâmpago e trovão
Acredito na brevidade da faísca e no eco
Acredito na paradoxal impermanência do vento
e na sua constância.
Acredito nas amuradas angustiadas
dos que partem e na diferença
dos que ficam em silêncio na margem.
mas acredito nos que experimentam
o peso das palavras
uma a uma
Acredito nos que acham e colhem o ouro,
doce e sumarento
que oferecem os gomos de mais delicado sabor
Não acredito nos que se querem poetas
mas acredito naqueles que trazem
a navalha afiada no bolso;
que fatiam o pão e as maçãs de sabor metálico,
matam a fome e aguçam o espanto das crianças órfãs
nos pequenos lápis de desenhar.
Não acredito na poesia
mas acredito na revelação contínua da palavra
como relâmpago e trovão
Acredito na brevidade da faísca e no eco
Acredito na paradoxal impermanência do vento
e na sua constância.
Acredito nas amuradas angustiadas
dos que partem e na diferença
dos que ficam em silêncio na margem.
segunda-feira, 19 de março de 2018
domingo, 18 de março de 2018
sexta-feira, 16 de março de 2018
O Eterno Feminino | 8 Março 19h00 - Videos - Antena2 - RTP
Na sombra do piano Melissa Fontoura, de vermelho coral Ariana Russo, e de branco pérola Rita Tavares.
O Eterno Feminino | 8 Março 19h00 - Videos - Antena2 - RTP
O Eterno Feminino | 8 Março 19h00 - Videos - Antena2 - RTP
quinta-feira, 15 de março de 2018
Remender to look up to the stars and down to the soil - Festival of Dangerous Ideas 2013: Vandana Shiva - Growth = Poverty
Repito aqui esta palestra. É pena não estar legendado em Português. É uma lição abrangente de história, economia, sociologia, biologia, ecologia, etnologia, cidadania, etc. etc.
Vandana Shiva é doutourada em física com tese na área da física quântica.
Abusando de um conceito desde o dia de ontem muito publicitado devido ao falecimento de um outro físico eu direi:
Lembrem-se de olhar para cima para as estrêlas mas também de olhar para baixo para o chão que nos sustenta, não olhem para baixo para os vossos pés ou para o vosso umbigo.
Já agora, é de dizer que existe mais vida no subsolo do que sobre ele. Com o solo partilhamos os elementos que constituem o nosso corpo e possibilitam a nossa mente. São esses os mesmos elementos que foram formados em estrêlas distantes no tempo e no espaço que se transformam continuamente e constituem o pó que forma o solo e o nosso corpo. Esse mesmo pó de que fala o conhecimento espiritual.
quarta-feira, 14 de março de 2018
terça-feira, 13 de março de 2018
segunda-feira, 12 de março de 2018
domingo, 11 de março de 2018
sábado, 10 de março de 2018
sexta-feira, 9 de março de 2018
quinta-feira, 8 de março de 2018
quarta-feira, 7 de março de 2018
terça-feira, 6 de março de 2018
segunda-feira, 5 de março de 2018
domingo, 4 de março de 2018
sábado, 3 de março de 2018
Bernard Cohen – Lidar com o Caos.
Em termos de expressão artística a questão de encontrar a própria identidade, passa por nunca nos repetirmos, e por lidar com o Caos.
sexta-feira, 2 de março de 2018
Os inocentes da Síria. Retomo um desenho de 2014.
Na Síria continua o massacre dos inocentes.
Inocentes era uma forma de apelidar as crianças sem que isso lhes garantisse qualquer forma de protecção a não ser por uma alteração de atitude na vontade do agressor.
Hoje consagramos dias específicos para memória do que esquecemos durante o resto do tempo, é essa a nossa maneira de podermos convivercom os agressores, recorrendo a uma forma de pensamento mágico que acreditamos poder influenciar a atitude alheia, como fazem as orações dos credos religiosos.
Não é hoje o Dia Mundial da Criança mas todos os dias são o seu dia se falecerem por guerras ou maus tratos, por sacrifício em trabalho escravo ou por abandono, por doença provocada ou por acidente negligente.
Inocentes era uma forma de apelidar as crianças sem que isso lhes garantisse qualquer forma de protecção a não ser por uma alteração de atitude na vontade do agressor.
Hoje consagramos dias específicos para memória do que esquecemos durante o resto do tempo, é essa a nossa maneira de podermos convivercom os agressores, recorrendo a uma forma de pensamento mágico que acreditamos poder influenciar a atitude alheia, como fazem as orações dos credos religiosos.
Não é hoje o Dia Mundial da Criança mas todos os dias são o seu dia se falecerem por guerras ou maus tratos, por sacrifício em trabalho escravo ou por abandono, por doença provocada ou por acidente negligente.
Hoje lembrei-me de um azulejo de Setembro de 2013.
Hoje poderia perguntar se sobreviverá aos falcões.
Sabemos que muitas pessoas faleceram e outras não sobreviverão.
quinta-feira, 1 de março de 2018
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