Não acredito nos missionários da poesia
mas acredito nos que experimentam
o peso das palavras
uma a uma
Acredito nos que acham e colhem o ouro,
doce e sumarento
que oferecem os gomos de mais delicado sabor
Não acredito nos que se querem poetas
mas acredito naqueles que trazem
a navalha afiada no bolso;
que fatiam o pão e as maçãs de sabor metálico,
matam a fome e aguçam o espanto das crianças órfãs
nos pequenos lápis de desenhar.
Não acredito na poesia
mas acredito na revelação contínua da palavra
como relâmpago e trovão
Acredito na brevidade da faísca e no eco
Acredito na paradoxal impermanência do vento
e na sua constância.
Acredito nas amuradas angustiadas
dos que partem e na diferença
dos que ficam em silêncio na margem.
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