quinta-feira, 19 de novembro de 2020

O Dia da Filosofia

 Para comemorar o dia da Filosofia afirmo que:

aprendo mais com Rui Nunes do que com Heidegger. Mas a falha é minha.
O Heidegger é irritante para mim e não há anti-histamínico que me valha. A irritação chega à fúria e encher as margens de anotações em contraditório não resolve o problema.
Em tempo cheguei à conclusão, ou alguém me disse, que o retrato histórico de uma época pode ser mais bem caracterizado, melhor descrito e de forma mais precisa num romance do que pelas análises históricas dos académicos licenciados. Posso lembrar-me de Dickens, de Soeiro Pereira Gomes, de Jorge de Sena etc. com a Filosofia passa-se o mesmo. Mas isto sou eu com as minhas regorgitações. Regorgitações de alguém que não sabe nem grego, nem alemão, nem percebe nada de finanças como o Fernando dizia do Cristo.
Deixo aqui um dos livros de Heidegger, vestido com as forras que costumo aplicar aos livros que andam comigo na rua. A forra data do início do "covid" e da altura em que tomei conhecimento do livro do Rui Nunes o Anjo Camponês. Reparei que tem data de 9 de Março.
O "Ser e Tempo do Heidegger" neste momento está na casa de banho, que é sítio arriscado para qualquer livro estar. Não consegui ainda escrever nada ou rabiscar um boneco que seja na sua forra. É que me esqueço que ele lá está e entro sempre com um livro de poesia. A Poesia acompanha-me para todo lado e assim como entra na casa de banho também sai quando eu saio. Para mim a Poesia está para a Filosofia como o romance estará para as súmulas de história escrita. Neste momento prefiro ler Poesia.



terça-feira, 17 de novembro de 2020

louco

começar começar sempre
caminhar caminhar sempre 
lutar lutar sempre 
tentar tentar sempre
falhar sem remédio
com o propósito de falhar
os poetas mortos que 
sabemos vivos 
dói-me a cabeça
já faz três dias sem 
sossêgo, descanso ou trégua 
um líquido espêsso  
bascula agitado 
contra o osso 
a massa incompressível 
é maceta de guerra 
e os ésses são cês de cedilha 
e os jotas são guês

regurgitar

sábado, 14 de novembro de 2020

Quando a dor de cabeça dura três dias.

 


Dura é a dor durante

a noite o sono e o sonho

Onda gigante cresce colossal

bate na orla da rocha craniana

granula, corrói e dilacera

Martelo que repuxa e deforma

Nem resiliência nem elasticidade

Até à rotura.

Fecho os olhos. Vem a vertigem.

Vacilo, imóvel no torvelinho,

a agitação sacode o tonel

de líquido espesso

que centrifuga dentro

da minha cabeça, sem-fim

agarrada na engrenagem

que me impele vou

e vou contra a bigorna

estremeço e o sino vibra

ecoa por léguas.

A forquilha espeta-me nas narinas

o aroma cáustico

fosse antes o perfume fétido

e redondo de fossa nítrica

ou fedor sulfuroso de sulfatara

não este gume infernal

e sinestésico de luz, som e odor.

Um  sofrimento total 

prostração continuada 

à beira do cego desespero

que dura há três dias.




quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles era crítico da arquitetura e do urbanismo que destruía o país e também Lisboa.

Salavisa - Eduardo Salavisa . Recordo-o assim, afável e alegre. Apesar de ter 10 anos mais do que eu, era jovem e solar, bem disposto. Era ele o mais novo dos dois.


Mostrei-lhe os desenhos do livrinho de apontamentos que na altura trazia. Ficou muito entusiasmado e convidou-me para aparecer numa sessão desenho que decorreu dali a uns dias.

Fui, mas o tipo de desenho dos "Urban Sketchers" não é a razão que me motiva a desenhar. Desenho a partir do interior e não do exterior ainda que os tirantes que me impulsionam e sustêm sejam ancorados na realidade que percepciono e reflito.














Aqui num dia fresco de sol e de festa, na Feira do Livro de Lisboa autografando o seu livro:

 "Diários de Viagem - desenhos do quotidiano, 35 autores contemporâneos" da Editora Quimera com o apoio da Fundação Gulbenkian e da Textype.

Cuidado com o senhor vinho.


 

domingo, 1 de novembro de 2020

Médico da peste em dia de Todos os Santos.


 


































No ano de 561 morriam 10 000 pessoas por dia. Ficou conhecida como a peste de Justiniano. 
Os números dizem respeito ao território do Império Romano, pelo menos o do Oriente, a partir do qual Justiniano tentava a reconquista aos bárbaros. Os números foram calculados muito tempo depois. Justiniano morreria em 565 e o que restava do Império Romano continuou a desagregar-se.

Entre 1334 e 1372 um terço da população europeia morreu com a Peste Negra. 
A Batalha de Aljubarrota que garantiu a independência de Portugal nesse tempo, foi o culminar da crise de 1383-1385, também ela desencadeada por estes anos de peste.

Entre 1917 e 1918 a Gripe dita Espanhola terá morto 50 milhões de pessoas.
Terá ajudado ao fim da carnificina que estava a ser e foi a Grande Guerra Mundial. Com uma mortandade assim não é necessário o extermínio das populações pela guerra.

Muitas pestes antigas continuam matando nos dias de hoje. A diferença é a existência dos antibióticos e das vacinas que evitam as mortes em grande escala.

Muitas epidemias do mundo antigo não foram pandémicas porque as viagens entre continentes eram restritas. Civilizações e culturas florescentes, em todas as partes do mundo desapareceram sem que haja explicação. Talvez nos estejamos a esquecer de considerar estas "pestes".





Máscaras para um santo desconhecidos no Dia de Todos os Santos.