quinta-feira, 24 de novembro de 2022

POESIA INCOMPLETA















O EX-LIBRIS que fiz para a minha livraria preferida. A "POESIA INCOMPLETA"

É claro que um amante de livros, ou uma livraria podem ter vários EX LIBRIS.

Também um livro pode ter vários EX LIBRIS se os sucessivos possuidores assim entenderem assinalar a temporária posse.

O EX_LIBRIS é um sinal de respeito pelo livro enquanto obra em si e ao livro enquanto objecto. Parte do princípio que só o autor pode escrever no livro quando faz um autógrafo ou uma dedicatória.

É claro que determinadas anotações podem valorizar os livros acrescentando-os especialmente. Um exemplo prático que soube foi o de um Código Civil anotado pelo ilustre José Magalhães Godinho; jurista, advogado, e magistrado que foi Provedor de Justiça e vice-presidente do Tribunal Constitucional. O códice foi considerado "sem preço" devido à jurisprudência que registava nas margens e folhas intercaladas.

As leis mudam, mas ainda assim o livro do qual dei exemplo valerá no registo do tempo histórico das suas anotações. José Magalhães Godinho bateu-se desde a juventude contra a opressão e a prepotência e foi um lutador pela causa da verdadeira Justiça. Muitas vezes me lembro dele como hoje. 








 

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Calcografia- Água-Forte - "O CÍNICO".

 


Anotado a grafite está descrito como as provas são marcadas e o número de provas eticamente aceitáveis em relação à tiragem.
Neste caso, para uma tiragem de 20 provas, são feitas mais 2 provas para o autor, marcadas P.A. (Prova de Autor como uns entendem ou Prova de Artista como preferem outros).
Também descritas estão as dimensões do papel no caso das medidas serem diferentes das provas da tiragem e por vezes o tipo de papel se for de outra qualidade do da tiragem. Esta impressão em particular também tem um nome para identificação, é a chamada "prova de controle de execução".

sábado, 12 de novembro de 2022

"Beim schlafengehen" - Hermann Hesse - Richard Strauss - Gundula Janowitz - Herbert von Karajan - Berlin Philarmonic Orchestra -1973.

"Beim schlafengehen 2"


 

"Beim schlafengehen" - Hermann Hesse - Richard Strauss - Lisa della Casa - Karl Böhm - Wiener Philarmoniker Orchestra - 1953

"Beim schlafengehen"


 

Beim schlafengehen

Não havia

Nem copos nem canecas

Havia malgas

Havia colheres, garfos

Facas corticeiras

o gume em unha lunar

de migar o caldo

E abrir o pescoço

A frangos e galinhas velhas

-Não é impune

Ser macho novo

Ou fêmea velha.

 

Havia

Uma guerra no ultramar

que orfanava as mães

dos filhos jovens

-tão moços alguns

que morriam sem saber

a primeira vez-

Havia o tremeluzir do lume

Do pinho estalando

Centelhas no breu

Havia o gasómetro de carbureto

para ir à coorte

nas noites de parir

Havia o perfume do mato

roçado de fresco

a alcatifar o pátio,

a livrar do chiqueiro

o caminho do forno

para o pão semanal

a temperar a parede sul

onde as laranjeiras

se abrigavam das geadas

e as poedeiras faziam pousio

e chocavam pintos…

 

Pudesse eu dormir assim,

tépido neste Inverno.




quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Nefelibata



Já soube o que era nefelibata

não me recordo agora o que é

Ando cabisbaixo e respiro mal

Comprei um almoço salgado

que comi com ansiedade faminta

ainda não parei de beber água

Não sinto a alegria solarenga 

deste Novembro de castanhas e vinho

cabeça pesada apesar faltar o vinho

na sofreguidão do almoço,

tonto como se tivesse rodopiado

até a queda procurar o amparo do chão

e o repouso dos que se atiram

A sensibilidade é uma deficiência

é a fragilidade que impede a alegria

esta noite dormi para lá da insónia,

bebi o café matutino,

não comi queijo da ilha nem chocolate,

o almoço não estava picante,

tenho taquicardia!

dá-me para escrever

se conseguisse cantar o que escrevo

seria poesia assim é poisia

porque poiso à janela

cabisbaixo enquanto olho

o pontapear do neto do Esteves

no terraço do prédio ao lado

a bola contra o muro

ora o lado do cão verde

ora o lado do jóquei

o golo a cabeça sonhando

o aplauso soando

o corpo golo suando

até uma mão na nuca me parar

e impedir olhar a multidão

a ovação lá no alto

“a vizinha de baixo queixou-se novamente

do barulho da correria”

no corredor para lá e para cá

atrás da bola e do golo

Olho as núvens, o neto do Esteves parou

Não ouço o ribombar da bola no muro

Bebo mais um gole de água.

Penso em pontuação

e em erros de ortografia.