quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Nefelibata



Já soube o que era nefelibata

não me recordo agora o que é

Ando cabisbaixo e respiro mal

Comprei um almoço salgado

que comi com ansiedade faminta

ainda não parei de beber água

Não sinto a alegria solarenga 

deste Novembro de castanhas e vinho

cabeça pesada apesar faltar o vinho

na sofreguidão do almoço,

tonto como se tivesse rodopiado

até a queda procurar o amparo do chão

e o repouso dos que se atiram

A sensibilidade é uma deficiência

é a fragilidade que impede a alegria

esta noite dormi para lá da insónia,

bebi o café matutino,

não comi queijo da ilha nem chocolate,

o almoço não estava picante,

tenho taquicardia!

dá-me para escrever

se conseguisse cantar o que escrevo

seria poesia assim é poisia

porque poiso à janela

cabisbaixo enquanto olho

o pontapear do neto do Esteves

no terraço do prédio ao lado

a bola contra o muro

ora o lado do cão verde

ora o lado do jóquei

o golo a cabeça sonhando

o aplauso soando

o corpo golo suando

até uma mão na nuca me parar

e impedir olhar a multidão

a ovação lá no alto

“a vizinha de baixo queixou-se novamente

do barulho da correria”

no corredor para lá e para cá

atrás da bola e do golo

Olho as núvens, o neto do Esteves parou

Não ouço o ribombar da bola no muro

Bebo mais um gole de água.

Penso em pontuação

e em erros de ortografia.

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