segunda-feira, 28 de junho de 2010

Céu Barroco

Eu pintava céus carregados de pequenas núvens brilhantes de todas as cores: esverdeadas, rosa, laranja. Diziam que não, que eu devia andar a chupar umas fumaças de liamba...Afinal a natureza é o que é; dá as substâncias para a viagem e mostra horizontes tão fantásticos como aqueles que os viajantes disseram ter visto.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

segunda-feira, 14 de junho de 2010

S.Juon

São João ía ao monte guardar as ovêlhas e as cabras com água todas quis salvar dizendo santas palavras baptizou até cristo que pelo rio ía a pé. Com a paz foi malquisto porque o amor da Lei assim é morreu S. João decapitado de paixão morreu Salomé sem nunca mais ter dançado perdendo a razão e a fé.

O postigo da adega

domingo, 13 de junho de 2010

Andorinha é uma cadela.

Fernando Pessoa não gostava de cachorros quentes, gostava de cigarros de tabaco inglês, e de aguardente. Ao fim-de-semana era pior, cebola picada fina, umas sardinhas de lata e meio quilo de pão, vinho tinto do lote especial do Cartaxo. Pão e café com um pouco de mel que o açucar é racionado. A enorme solidão dos que não têm caldo quente ao Domingo. Se ao menos tivesse uma cadela ou um cão e uma bola que atirásse à parede para o caso da cadela ou do cão não a ir buscar. Se ao menos a sua cadela fôsse uma cadela como a Andorinha.

domingo, 6 de junho de 2010

Desorientacão.

Neste tempo vêem-se muitos animais perder o Norte e ficarem desnorteados. Mas há algum que possa perder o Sul? Ficar dessulado? Mesmo quando desolado? O desnorte faz com que muita gente se oriente e quem se orienta não se ocidenta. Mas à parte as pessoas não orientadas há sempre alguns cães que perdem a cedilha e por muito que se orientem estarão, ainda que o não saibam, em desorientacão.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Fechar escolas é desertificar.

O sonho da educação para todos fez com que nos anos trinta, quarenta e cinquenta muitas escolas se erguessem no interior rural. Sendo contrária à vontade dominante da ditadura, muitas destas escolas nasceram por mão dos "benfeitores da terra" não raro "Doutores" de Coimbra ou de Lisboa. Estes benfeitores que algumas placas nessas escolas, ainda relembram, encontravam-se em melhor posição para perceber a importância da educação das crianças das aldeias, dentro do território de vivência da sua comunidade. Estes beneméritos que por vezes se limitaram a escrever uma carta ao ditador pedindo uma escola, foram apoiados pelo trabalho gratuito e voluntário dos vizinhos. O povo das aldeias e dos lugares, habituado à solidariedade do comunitarismo do meio rural, construiu com as próprias mãos muitas destas escolas. Agora no nosso tempo cibernético-informático, tempo da aldeia global em que deixaram de existir periferias ou ilhas inacessíveis, fecham-se escolas. Primeiro as que tinham menos de 10 alunos agora querem fechar as que têm menos de 21. O tempo que deveria ser de escola ou de recreio vai ser transformado em tempo de deslocação em transporte escolar. Para uma sociedade abundante no desperdício, e automóvel dependente esta solução parecerá mais barata que o ordenado de um professor no local. Mas contribuirá para a desertificação. Se o objectivo é um país interior de matas com eucaliptos e um litoral sobrepovoado com zonas exclusivas para veraneantes "VIP" estamos no caminho para isso. Melhor ainda, daqui a algum tempo do deserto de eucaliptos restará o deserto sem água e sem vida.

Adepto adicto adido