sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Os bonecos do presépio dos anos 40, 50 e 60 do século passado.
Quando se faz um presépio presta-se homenagem aos pastores e a um mundo rural que se distancia de nós no tempo. Presta-se também homenagem a vários ofícios que fizeram parte de uma maneira menos perdulária de estar na vida. Nesse mundo ainda existem ferreiros, sapateiros e padeiros que cozem o pão num forno aquecido com lenha. Os moínhos usam a água que corre e o vento que sopra para moer o grão do cereal da lezíria ou da veiga ali ao lado; a água na fonte ou no poço é potável. A vida é árdua mas tem um ritmo mais humano e os ciclos de desperdício e alienação são menos desgastantes. Esse tempo de parcimónia e até de privação foi para muitos também um tempo de carência extrema, por isso é encarado com uma nostalgia amarga em que o que valeu foi a alegria da juventude e a vitalidade que a caracteriza. Há, apesar disso, muitas lições a tirar quando estiverem saradas as feridas da miséria, entender-se-á então que muito do que era feito, obedecia a uma ética correcta, e a uma racionalidade que evitava o desperdício. A solidariedade e a fraternidade eram praticadas intuitivamente, a compaixão era um sentimento privado e não um gesto de exibição pública. Prestava-se auxílio em vez de se dar esmola. A esmola era coisa urbana, atributo de porta de saída de igreja. Com a transformação de Portugal país rural em Portugal país urbano a porta de saída de igreja está por todo lado e a esmola também.
Quando se faz um presépio presta-se homenagem aos pastores e a um mundo rural que se distancia de nós no tempo. Presta-se também homenagem a vários ofícios que fizeram parte de uma maneira menos perdulária de estar na vida. Nesse mundo ainda existem ferreiros, sapateiros e padeiros que cozem o pão num forno aquecido com lenha. Os moínhos usam a água que corre e o vento que sopra para moer o grão do cereal da lezíria ou da veiga ali ao lado; a água na fonte ou no poço é potável. A vida é árdua mas tem um ritmo mais humano e os ciclos de desperdício e alienação são menos desgastantes. Esse tempo de parcimónia e até de privação foi para muitos também um tempo de carência extrema, por isso é encarado com uma nostalgia amarga em que o que valeu foi a alegria da juventude e a vitalidade que a caracteriza. Há, apesar disso, muitas lições a tirar quando estiverem saradas as feridas da miséria, entender-se-á então que muito do que era feito, obedecia a uma ética correcta, e a uma racionalidade que evitava o desperdício. A solidariedade e a fraternidade eram praticadas intuitivamente, a compaixão era um sentimento privado e não um gesto de exibição pública. Prestava-se auxílio em vez de se dar esmola. A esmola era coisa urbana, atributo de porta de saída de igreja. Com a transformação de Portugal país rural em Portugal país urbano a porta de saída de igreja está por todo lado e a esmola também.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Filmografia de Michel Giacometti não perder a troco do que quer que seja.
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A maneira como eu me entendo passa sem dúvida pelo material recolhido nestes filmes. A identidade de um povo aqui ficou registada e permanecerá mais demoradamente antes de tudo seja pó. A identidade deste mesmo povo não terá morrido com os muitos que aparecem nas imagens e já partiram. Essa identidade continua viva mas com outras formas que se erguem sobre o alicerce antigo.
Conjuntamente com o jornal às Segundas-Feiras, por mais alguns euros... não deixar escapar a opurtunidade.
domingo, 19 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
A zamburra, ronca ou sarronca e o Menino Jesus. ...é por isso que a tradição é criação e recriação. É por isso que a tradição é traição e assim onde na raiz se cantava dá-me o Deus Menino se passou a cantar na recriação dá-me o teu Menino.
...é por isso que a tradição é criação e recriação. É por isso que a tradição é traição e assim onde na raiz se cantava dá-me o Deus Menino se passou a cantar na recriação dá-me o teu Menino.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
...do interior e do exterior no desenho. (Texto encontrado em folhas soltas de desenho)
se o que desejas é mostrar o que em ti é fora olharás para o sujeito um átimo e baixarás os olhos para o papel durante três expirações;
se em vez disso quiseres mostrar o fora de ti que te é exterior demorar-te-ás igualmente olhando e desenhando;
se pelo contrário quiseres entender o exterior olharás demoradamente fora de ti até que tua mão exite na deriva e careça de ser situada com o risco que a atravessa;
porém se quiseres entender, riscarás e o risco será papel: o dentro e o fora deixarão de ser, tal como o alto e o baixo, após o esfuminho, se tornam liga; tudo é valor que no todo vale e não mais o risco elimina pois tudo traça e corre para lá do horizonte do Sol e da mão arrefecida.
se em vez disso quiseres mostrar o fora de ti que te é exterior demorar-te-ás igualmente olhando e desenhando;
se pelo contrário quiseres entender o exterior olharás demoradamente fora de ti até que tua mão exite na deriva e careça de ser situada com o risco que a atravessa;
porém se quiseres entender, riscarás e o risco será papel: o dentro e o fora deixarão de ser, tal como o alto e o baixo, após o esfuminho, se tornam liga; tudo é valor que no todo vale e não mais o risco elimina pois tudo traça e corre para lá do horizonte do Sol e da mão arrefecida.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Dalida - de estranhas formas se faz a dor.
Dalida cantou em muitas línguas e em muitas canções de forma ligeira e quase alegre, a dor. A dor dos outros e a sua dor. Dalida escolheu morrer aos 54 anos, muito antes do tempo para viver que era seu.
Às vezes dou por mim a cantar as canções com que ela me alegrou a meninice, e pelas quais lhe sou eternamente grato.
Às vezes dou por mim a cantar as canções com que ela me alegrou a meninice, e pelas quais lhe sou eternamente grato.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
domingo, 5 de dezembro de 2010
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