quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O COELHO E A SUA DONA VELHACA


De fome esbaforida
veio a Velhaca perguntar:
Onde está minha comida,
onde está o meu manjar?

 -Quarta-feira de cinzas é dia
de não comer e jejuar!
-respondeu o coelho que tremia
por seu futuro recear.

Se comer não se podia
o que se havia de fazer?
Ora ora, as cinzas para o dia!

Então quis a Velhaca saber
o que é que já ardia,
se Portugal já estava a arder.


O COELHO DO DIABO

o diabo vestiu-se de terno
e com máscara de santo
vendeu-nos o inferno
em forma de coelho branco

O COELHO LADRÃO

andam descarados
sem perder a ocasião
mesmo os necessitados
roubam sem compaixão

o chefe da quadrilha
é um coelho ladrão
que usa a mascarilha
de honesto figurão

domingo, 12 de fevereiro de 2012

De que se queixam eles? São piegas? ...-NÃO!!!

Quando as ideias para o relançamento económico do país são incentivar a imigração de reformados abastados vindo de países frios sem dias de sol como os nossos; ou "franchisar" o pastel de nata, mesmo que eles sejam gigantes e apetitosos como os do Café Gêlo no Rossio; ou então mandar os portugueses emigrar... bem então estamos no campo do "isto é um supônhamos".
O dia era um gelo mas apesar do frio, o Sol brilhava para todos nós, o calor da chama que nunca se apaga fez-nos sair à rua, em nome da luta contra a parvoíce.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Cantigas de Escárnio e Maldizer, uma forma de Entrudo.

A língua que hoje falamos tem o seu primeiro registo escrito nas Cantigas de Amor, nas Cantigas de Amigo e nas Cantigas de Escárnio e Maldizer.
É notável que a mais profunda religiosidade popular das ancestrais Deusas Mãe se transfira para o culto da Virgem Maria Mãe de Jesus, e que isso tenha ficado indirectamente registado pelo louvor e vassalagem a Maria, na poesia das Cantigas de Amor escritas na nossa língua por Afonso X, Rei de Leão e Castela. São as Cantigas de Santa Maria, escritas na Bela Língua como então era conhecida
Não deixa de ser curioso que no registo documental que nos chegou, o amor ao transcendente conviva de forma equivalente com o amor entre namorados (Amigos) e ambos assumam a mesma importancia literária que as cantigas de escárnio e maldizer.
As Cantigas de Escárnio que são de uma ironia superior são o registo de uma matriz cultural que na minha opinião se mantém intacta e nos identifica ainda hoje como povo.
Quanto às Cantigas de Maldizer; só assim chamadas porque nelas, como diz o preceito, se chamam os bois pelos nomes, não há maldizer algum. Há sim a identificação de quem procedeu mal e as razões que o indignado denunciante tem para acusar o outro directamente. Aqui julgo eu estamos no domínio do Carnaval, a isto eu chamaria o julgamento do Entrudo.
Mal das sociedades que não podem julgar o seu Entrudo, fazer numa folia breve e controlada a catarse das suas insatisfações e a restauração do esforço dos sacríficios que lhe impõem.




segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

"Otro tal misacantano" - Um vilancico anticlerical que é uma verdadeira cantiga de escárnio.

O "misacantano" é em português um canta missas ou seja, um padre.



CARETOS - UM BELO FILME ANTOLÓGICO DAS MÁSCARAS TRANSMONTANAS

Filme de: munbraganca

Lazarim, Ousilhão, Podence, Varges,... são localidades onde se mantêm vivas tradições pagâs arcaicas em que a máscara assume um papel fundamental. No hemisfério norte as festas que celebram o Solstício de Inverno e o Equínoceo Vernal estão directamente ligadas aos ciclos agrícolas e à sucessão de etapas sazonais. 
A religiosidade cristã sobrepôs-se a estas tradições e ocultou-as no Natal e no Carnaval.
A festa dos rapazes também chamada de Santo Estevão celebra-se junto do Natal, parece-me uma festa de virilidade e triunfo solar. Nessa altura do ano o Sol diminui a sua presença dia a dia, parecendo até que vai sucumbir; mas então de novo o dia recomeça a crescer. Nesta festa participam os rapazes solteiros, os mancebos  aqueles que têm idade para ir à guerra, os que são viris. A despersonalização provocada pela máscara que cada rapaz usa é um assunto tão sério que no caso de haver uma morte súbita ou acidental de algum dos mascarados, tal facto assume a maior gravidade junto da comunidade, ao ponto do seu corpo não poder ser enterrado no cemitério, no chamado campo santo.


No Carnaval, a celebração do renascimento da Natureza que sobreviveu à morte do Inverno, é a festa da fertilidade anunciada e desejada.
Antigamente era a festa da irreverência em que se comia carne abundantemente por não haver ainda mais nada para comer nem nos celeiros nem nos campos. Sacrificavam-se os animais jovens que não tinham leite suficiente para sobreviver, ou que já não podiam ser sustentados. Comiam-se principalmente as carnes que não eram passíveis de conservação por desidratação em sal e secagem no calor das lareiras, comiam-se por isso as vísceras.


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012