Filme de: munbraganca
Lazarim, Ousilhão, Podence, Varges,... são localidades onde se mantêm vivas tradições pagâs arcaicas em que a máscara assume um papel fundamental. No hemisfério norte as festas que celebram o Solstício de Inverno e o Equínoceo Vernal estão directamente ligadas aos ciclos agrícolas e à sucessão de etapas sazonais.
A religiosidade cristã sobrepôs-se a estas tradições e ocultou-as no Natal e no Carnaval.
A festa dos rapazes também chamada de Santo Estevão celebra-se junto do Natal, parece-me uma festa de virilidade e triunfo solar. Nessa altura do ano o Sol diminui a sua presença dia a dia, parecendo até que vai sucumbir; mas então de novo o dia recomeça a crescer. Nesta festa participam os rapazes solteiros, os mancebos aqueles que têm idade para ir à guerra, os que são viris. A despersonalização provocada pela máscara que cada rapaz usa é um assunto tão sério que no caso de haver uma morte súbita ou acidental de algum dos mascarados, tal facto assume a maior gravidade junto da comunidade, ao ponto do seu corpo não poder ser enterrado no cemitério, no chamado campo santo.
No Carnaval, a celebração do renascimento da Natureza que sobreviveu à morte do Inverno, é a festa da fertilidade anunciada e desejada.
Antigamente era a festa da irreverência em que se comia carne abundantemente por não haver ainda mais nada para comer nem nos celeiros nem nos campos. Sacrificavam-se os animais jovens que não tinham leite suficiente para sobreviver, ou que já não podiam ser sustentados. Comiam-se principalmente as carnes que não eram passíveis de conservação por desidratação em sal e secagem no calor das lareiras, comiam-se por isso as vísceras.
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