terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Neste Natal as receitas vieram de longe, do tempo dos Avós, de locais tão sagrados como a cozinha das casas da aldeia ou do segredo do convento.

Neste Natal também aqui chegaram gulodices do Norte e Gulodices do Sul.

Relativamente a comezainas este Natal aqui por Lisboa foi de excessos. Em termos literários é certo!

     

Guardei no bolso de um colete, um pedaço de papel da toalha da mesa do almoço de algumas semanas atrás.

Acabei de o encontrar agora quando novamente vesti o colete. Já não sei o porquê do boneco, sei é que naquele dia se falou de muitas coisas e também de Tomar e de Setúbal. Onde comer em Setúbal: na "Cataplana"; e em Tomar na "Casa das Ratas", na "Casa Mitrena" ou no "Piri-Piri".

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

António Fonseca, António Fonseca, António Fonseca, António Fonseca, António Fonseca, ...a dizer os Lusíadas de Luiz Vaz de Camões.


Na escola me ensinaram como cortar os Lusíadas em pedaços. Como contar sílabas pelo tamborilar dos dedos. Mas não percebi bem o que era o Olimpo, nem o que contra nós tinha um cabrão chamado Baco. Tropecei em voz alta em palavras desconhecidas e esbocei sorriso seguro ao exclamar Vénus. Mas assim que acabou não mais quis saber de Camões a não ser por causa do Fado. Que o fado tem essa capacidade de prender quando cantando nos traz sonetos perfeitos do conhecimento profundo como os desse remoto e genial poeta chamado Luiz Vaz.

António Fonseca revelou que os Lusíadas são livro para ser ouvido.  De resto foi assim que a tradição nos informou que eles foram apresentados pela primeira vez: Foram ditos! Lidos pelo poeta ou ditos de cor como o fez e faz António Fonseca num prodígio físico de memória e generosidade.
A poesia é desde a antiguidade palavra dita, som, ritmo, musicalidade, mas nós tirando as canções, parece que nos esquecemos disso e só quando um escritor de canções ganha um Nobel de Literatura é que nos damos conta.

O livro deve-se à perseverança e à dedicação de António Fonseca e de muitas pessoas que individualmente apoiaram o projecto.
O livro está aí nas Livrarias. Traz 7 CD custa 40 euros e é uma obra soberba. 
Obrigado António Fonseca, Luiz Vaz de Camões teria gostado de se saber assim ressuscitado.









Alexandrov Ensemble 2016









sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A peça no "Salão dos sócios da SNBA 2016"







































A peça chama-se "Aqui e aí".






















A PEÇA TEM COLADAS TRÊS PEDAÇOS DE TEXTO NAS DUAS LATERAIS.
O TEXTO DE CALIGRAFIA DEMORADA, SUGERE SER RECOLHIDO DE UMA CARTA TALVEZ DA DÉCADA DE 60 DO SÉCULO XX. 


"Aqui sou apenas um servente mas não me deixam trabalhar de mãos nuas sem luvas, perdi os calos e não me lembro de ter tido as mãos tão macias."


"Aqui se tivesse os campos que aí tenho seria um homem rico."



"Aqui tenho falta das árvores que plantei e deixei aí. Sonho com os frutos desta época. Para aqui estou perdido deles e lembram-me as pedras e as flores.
Tenho saudade de vós e até do corpo extenuado e do parco viver que era o meu aí.
Aqui como aí trabalho muito e trabalho bem e com gosto e muito me apreciam, mas o que faço com as minhas mãos macias e bem calçadas não me traz sossêgo ao coração entorpecido nem me apazigua a alma áspera."