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segunda-feira, 21 de maio de 2018

Karl Kraus - Os últimos dias da Humanidade.




Um outro livro de Karl Kraus que anda cá por casa. Recentemente encenado no Teatro Nacional São João.
Um monumento, um marco no teatro uma vez que o próprio Kraus achava que a obra não deveria ser encenada.
As traduções para língua francesa e para língua inglesa só se fizeram cabalmente em 2004 e em 2015 respectivamente.


quarta-feira, 9 de maio de 2018

Laréu

"Andar no laréu" ou "ir para o laréu",é uma expressão que significa andar em liberdade, andar a divertir-se.






  Fica aqui um sítio em que é possível recolher informação do que se passa aqui pelo burgo e arredores, que pode ser usufruído à maneira antiga, isto é, sem pagar nada.
O melhor é copiar a ligação e partilhar com os outros porque se tiver poucas visitas acaba.
https://vouprolareu.wixsite.com/lareu





domingo, 23 de abril de 2017

Conversas picantes.


Por vezes os azulejos não saem mal de todo. Neste azulejo avulso tinha a ideia de sugerir o ambiente de farsa vicentina em que um velhaco tenta seduzir uma mulher mais jovem com o seu palavreado bem temperado e saiu isto.



Nos azulejos por vezes parece que os traços e as cores andam a dar pancada umas nas outras.


A culpa deste teatro todo. Direi mesmo desta fantochada é da inabilidade do pintor de azulejos. Um troca tintas sem jeito oficinal ou talento artístico capaz, para coisa que se veja com agrado. 



segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

António Fonseca, António Fonseca, António Fonseca, António Fonseca, António Fonseca, ...a dizer os Lusíadas de Luiz Vaz de Camões.


Na escola me ensinaram como cortar os Lusíadas em pedaços. Como contar sílabas pelo tamborilar dos dedos. Mas não percebi bem o que era o Olimpo, nem o que contra nós tinha um cabrão chamado Baco. Tropecei em voz alta em palavras desconhecidas e esbocei sorriso seguro ao exclamar Vénus. Mas assim que acabou não mais quis saber de Camões a não ser por causa do Fado. Que o fado tem essa capacidade de prender quando cantando nos traz sonetos perfeitos do conhecimento profundo como os desse remoto e genial poeta chamado Luiz Vaz.

António Fonseca revelou que os Lusíadas são livro para ser ouvido.  De resto foi assim que a tradição nos informou que eles foram apresentados pela primeira vez: Foram ditos! Lidos pelo poeta ou ditos de cor como o fez e faz António Fonseca num prodígio físico de memória e generosidade.
A poesia é desde a antiguidade palavra dita, som, ritmo, musicalidade, mas nós tirando as canções, parece que nos esquecemos disso e só quando um escritor de canções ganha um Nobel de Literatura é que nos damos conta.

O livro deve-se à perseverança e à dedicação de António Fonseca e de muitas pessoas que individualmente apoiaram o projecto.
O livro está aí nas Livrarias. Traz 7 CD custa 40 euros e é uma obra soberba. 
Obrigado António Fonseca, Luiz Vaz de Camões teria gostado de se saber assim ressuscitado.









domingo, 3 de maio de 2015

Hannes Wader canta "Das Lied der Moorsoldaten"




A canção foi composta por prisioneiros políticos opositores do Regime Nazi do Terceiro Reich Alemão: um trabalhador do comércio chamado Rudi Goguel fez a música sobre versos de um mineiro chamado Johann Esser e de um actor de nome Wolfgang Langhoff. A canção nasceu por volta de Agosto do ano de 1933 num dos primeiros campos de concentração planeado pelos ideólogos nazis para segregação e afastamento de opositores políticos, nomeadamente comunistas e socialistas.

O campo foi estabelecido em zona pantanosa do Rio Ems numa região da Baixa Saxónia junto da actual fronteira que separa a Alemanha da Holanda.

Nos terrenos alagados e lamacentos os prisioneiros eram obrigados a trabalhos forçados.

Os prisioneiros que dispunham apenas de ferramentas rudimentares com elas cavavam as turfeiras e os fundos argilosos dos paúis retirando esses materiais e fazendo a exploração agrícola dos terrenos drenados. O trabalho em jornadas longas, a subnutrição, a exposição aos elementos e a brutalidade dos carcereiros tornavam a vida numa batalha de sobrevivência diária.

Em 27 de Agosto de 1933 a canção terá sido cantada pela primeira vez num espetáculo chamado Zirkus Konzentrazani e que terá sido como que um ensaio para outras encenações posteriormente feitas de forma mais aperfeiçoada como em Theresienstadt.

Um coro de 16 prisioneiros, com os uniformes verdes dos prisioneiros desse tempo, interpretava uma trupe soldadesca e de pá ao ombro imitava uma marcha. O grupo era feito a partir de cantores oriundos do Coral de Solingen uma cidade alemã muito conhecida pela qualidade da sua metalurgia, cognominada a cidade das lâminas. Lembro-me da estimação que a minha mãe sempre teve e tem em duas tesouras Solingen que talvez ainda tenham sido feitas por operários desse tempo.



Alguns dos prisioneiros que conseguiram completar a pena exilaram-se em Inglaterra junto de outros alemães perseguidos e por volta de 1936 Hans Heisler que trabalhava com Bertolt Brecht faz uma adaptação da música para o cantor Ernst Busch. Em 1937 Busch parte para Espanha para se juntar às Brigadas Internacionais que lutavam para defender o Governo Espanhol da Républica que fora legitimamente eleito em eleições livres e democráticas. Este Governo Republicano é atacado pela alta finança industrial que usando os fascismos europeus de vários matizes se une em torno de um general brutal que tinha sido afastado para as Ilhas Canárias devido à violência com que tinha reprimido movimentos grevistas de mineiros e operários das Astúrias. Esse general, apoiado pelo regime nazi, provocou uma guerra civil que durou três anos, derrubou o Governo Republicano e deixou feridas que ainda hoje estão por sarar nas diversas Regiões e Regiões Autonómicas de Espanha. A ditadura e o regime totalitário que encabeçou duraram até que morreu em 1975.



A canção foi-se espalhando, alguns dos milhares de prisioneiros presentes na sua estreia no Campo de Concentração de Börgermoor e que tinham cantado em coro o refrão, foram transferidos para outros campos como Birkenau e Auschwitz e talvez daí a sua popularidade crescente entre os sobreviventes da Guerra Civil Espanhola, dos Campos de Concentração, os resistentes ao regime nazi, os sobreviventes da Guerra Mundial de 1939-1945, e entre os opositores da guerra em geral.
 Foram feitas muitas versões da canção e em várias línguas. Pete Seeger que interpretou a canção contou que ficou surpreendido pela quantidade de pessoas que no Madison Square Garden de Nova Iorque conheciam e cantaram com ele a versão original em alemão. Ao que parece a canção vai passando de geração em geração.



E agora uma traduçãozita rudimentar de minha lavra. Convido e agradeço que a possam fazer melhor.

Até onde a vista alcança
Charneca pantanosa em redor
Nem os trinados alegram
As carvalhas nuas e retorcidas
Somos soldados palustres
E arrastamo-nos com as pás
Pelos pântanos!

Aqui na charneca desolada
Planearam neste campo nos concentrar
Longe de qualquer alegria escondidos
Atrás do arame farpado
Somos soldados palustres
E arrastamo-nos com as pás
Pelos pântanos!


Manhãzinha; arrastamo-nos em colunas
Em direcção ao pântano onde trabalhamos
Escavando sob o sol ardente
Com os pensamentos na nossa terrinha
Somos soldados palustres
E arrastamo-nos com as pás
Pelos pântanos!


Esperança temos de regressar a casa
Para os nossos pais mulher e filhos
Do peito soltam-se suspiros
Por quanto aqui ficamos aprisionados
Somos soldados palustres
E arrastamo-nos com as pás
Pelos pântanos!


Acima e abaixo andam as sentinelas
Ninguém, ninguém consegue escapar
A fuga paga-se com a vida
Com quatro cercas é o Burgo vedado
Somos soldados palustres
E arrastamo-nos com as pás
Pelos pântanos!


Ainda assim não nos queixamos
O Inverno não dura sempre!
Temos vontade de uma vez dizer felizes
Terra natal de novo és minha
Então os soldados palustres
Nunca mais se arrastarão com as pás
Nos pântanos!






Wohin auch das Auge blicket, 
Moor und Heide nur ringsum. 
Vogelsang uns nicht erquicket, 
Eichen stehen kahl und krumm. 
Wir sind die Moorsoldaten  
und ziehen mit dem Spaten  
ins Moor. 


Hier in dieser öden Heide 
ist das Lager aufgebaut, 
wo wir fern von jeder Freude 
hinter Stacheldraht verstaut. 
Wir sind die Moorsoldaten  
und ziehen mit dem Spaten  
ins Moor.  


Morgens ziehen die Kolonnen  
durch das Moor zur Arbeit hin.
Graben bei dem Brand der Sonne, 
doch zur Heimat steht der Sinn. 
Wir sind die Moorsoldaten  
und ziehen mit dem Spaten  
ins Moor. 


Heimwärts, heimwärts jeder sehnet, 
zu den Eltern, Weib und Kind. 
Manche Brust ein Seufzer dehnet, 
weil wir hier gefangen sind. 
Wir sind die Moorsoldaten  
und ziehen mit dem Spaten  
ins Moor. 


Auf und nieder gehn die Posten, 
keiner, keiner kann hindurch. 
Flucht wird nur das Leben kosten, 
Vierfach ist umzäunt die Burg. 
Wir sind die Moorsoldaten  
und ziehen mit dem Spaten  
ins Moor. 


Doch für uns gibt es kein Klagen, 
ewig kann's nicht Winter sein. 
Einmal werden froh wir sagen: 
Heimat, du bist wieder mein. 
Dann ziehn die Moorsoldaten  
nicht mehr mit dem Spaten  
ins Moor!