Na escola me ensinaram como cortar os Lusíadas em pedaços. Como contar sílabas pelo tamborilar dos dedos. Mas não percebi bem o que era o Olimpo, nem o que contra nós tinha um cabrão chamado Baco. Tropecei em voz alta em palavras desconhecidas e esbocei sorriso seguro ao exclamar Vénus. Mas assim que acabou não mais quis saber de Camões a não ser por causa do Fado. Que o fado tem essa capacidade de prender quando cantando nos traz sonetos perfeitos do conhecimento profundo como os desse remoto e genial poeta chamado Luiz Vaz.
António Fonseca revelou que os Lusíadas são livro para ser ouvido. De resto foi assim que a tradição nos informou que eles foram apresentados pela primeira vez: Foram ditos! Lidos pelo poeta ou ditos de cor como o fez e faz António Fonseca num prodígio físico de memória e generosidade.
A poesia é desde a antiguidade palavra dita, som, ritmo, musicalidade, mas nós tirando as canções, parece que nos esquecemos disso e só quando um escritor de canções ganha um Nobel de Literatura é que nos damos conta.
O livro deve-se à perseverança e à dedicação de António Fonseca e de muitas pessoas que individualmente apoiaram o projecto.
O livro está aí nas Livrarias. Traz 7 CD custa 40 euros e é uma obra soberba.
Obrigado António Fonseca, Luiz Vaz de Camões teria gostado de se saber assim ressuscitado.
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