quinta-feira, 28 de maio de 2020

Alber Coombs Barnes e George Floyd. - Barnes the Collector




Não sei de mais trágica ironia que o homicídio de um homem forte e saudável por sufocação durante um período em que um vírus corre o mundo matando pessoas precisamente por falta de ar.
 O vírus que se agarra aos pulmões e subjuga o seu hospedeiro tem sucesso com pessoas fragilizadas da mesma maneira que o esbirro que matou George Floyd teve sucesso por George Floyd estar com as mãos algemadas atrás das costas enquanto o seu executor com um joelho esquerdo lhe esmagava o pescoço e com o outro os rins.
Quis fazer um desenho mas não consegui. O choque quando é muito traumático não propicia a acção. Sobrevém o atordoamento. Lembrei-me então de Barnes. Albert Barnes, o coleccionador de arte.
“Dele” ainda guardo o catálogo da exposição da sua colecção que inaugurou no Museu d’Orsay em Paris no distante ano de 1993 em Setembro e se manteve até Janeiro de 1994. Foi a primeira vez que deixou a sua fundação. Fica aqui a história de Barnes o Coleccionador.


























quarta-feira, 27 de maio de 2020

Entrevista Josep Pàmies (Dolça revolució).







Para perceber o absurdo de ilegalizar uma planta.


Para questionar o motivo porque há hoje uma criança autista por cada setenta (1/70) enquanto poucos anos antes eram um em cada mil (1/1000).


Para receber tanta outra informação e despertar para realidades que são ocultadas dos cidadãos, pelos meios que deviam esclarecer e dar essa informação.

















segunda-feira, 25 de maio de 2020

O "estado da arte" no "combate ao COVID 19" o "utente" esclarecido.


O "estado da arte" no "combate ao COVID 19" os "vasos comunicantes".


O "estado da arte" no "combate ao COVID 19" os "vasos comunicantes". Cara a cara ou "tête-à-tête".


lenitivo para a dor de cabeça


Contra a dor
sózinho não podes nada,
sequer andar, ou subir um degrau.
Pensa então nos pássaros, 
no peto-verde
-o perfume do pez-
o breve eco do seu martelar
atravessando o pinhal,
o arrulhar da rola.

Usa a memória:
estalava a caruma sob a sola, 
e nela escorregavam as botas 
sem firmeza nem aderência,
não era a carne das mãos 
esfaceladas na queda
nem o sarcasmo que doíam
...dói-te a cabeça? agarra-a!
era a dor da Austerlina que doía
a faixa branca revelando
as negras rodelas de batata
a dor vertida no sudário
feito de tiras de lençol
a Mariquinhas fatiando
novas rodelas e selando
com ternura os olhos e as fontes
o luto perene rompido
nas alvas ligaduras
da cabeça enfaixada
e aquele afloramento rosado
na tibieza dos joelhos flectidos
as rótulas abrindo a malha 
das meias pretas
moldando o silêncio e o desejo.

Sem clarão 
o inesperado estampido,
a trovoada de Maio
arrepiando a pele,
sarjando as nascentes
e os tímpanos. 
No limite da dor 
a cabeça submersa
em desfalecimento.




domingo, 24 de maio de 2020

Respiro de boca aberta





Respiro de boca aberta,
e não há poesia nisso
-dói-me a cabeça muitíssimo-
que poesia na dor pode haver?
Sinto o meu corpo a lutar,
uma força sedativa quebra-me 
a vontade e aos poucos a dor.
Ofegante e sem alento
triste e entristecido ouço
dentro das têmporas
o bater do badalo 
a pulsação 
uma flor estiolada
estala e ribomba
ao precipitar-se na erva
de borco.



segunda-feira, 11 de maio de 2020

Mãos de Barro - Reinata Sadimba



Reinata Sadimba não fala português. 
É uma forma afirmativa de não perder a sua identidade. Compreende perfeitamente a língua portuguesa mas não a quer falar para não deixar de ser quem é. 
Pediu-me para lhe desenhar serpentes. Gostou das cobras que eu desenhei. Mais do que outro boneco qualquer. 
Talvez tenha visto nos meus bonecos mais do que um fabulário moldado por uma língua e pela maneira de interpretação da realidade que ela proporciona. Talvez tenha sentido que nos meus bonecos perpassava um bestiário fantástico de seres híbridos e simbióticos do qual todos fazemos parte em acções e pensamentos. 
Pessoas, animais, insectos, fungos, bactérias, vírus; a nossas robustez e a nossa fragilidade através de uma linguagem simbólica e universal; sem linhas de fronteira, sem muros, sem arame farpado.