Dura é a dor durante
a noite o sono e o sonho
Onda gigante cresce colossal
bate na orla da rocha
granula, corrói e dilacera
Martelo que repuxa e deforma
Nem resiliência nem elasticidade
Até à rotura.
Fecho os olhos. Vem a vertigem.
Vacilo, imóvel no torvelinho,
a agitação sacode o tonel
de líquido espesso
que centrifuga dentro
da minha cabeça, sem-fim
agarrada na engrenagem
que me impele vou
e vou contra a bigorna
estremeço e o sino vibra
ecoa por léguas.
A forquilha espeta-me nas narinas
o aroma cáustico
fosse antes o perfume fétido
e redondo de fossa nítrica
ou fedor sulfuroso de sulfatara
não este gume infernal
e sinestésico de luz, som e odor.
Um sofrimento total
prostração continuada
à beira do cego desespero
que dura há três dias.
1 comentário:
Esperando que o sofrimento entretanto tenha passado...
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