Levam o tempo todo a aculturar, a alienar, a nivelar
por baixo, a interromper a informação para ligar à conferência de imprensa do
treinador de futebol, a abrir o noticiário com a lesão deste ou o golo do
outro. Dirigem-se aos telespectadores tratando-os por “você” e depois
referem-se aos concidadãos como sendo “os populares”. O termo
parece inócuo mas não é!
Altaneiros e arrogantes, como titulares de alguma
elite aristocrática, interrompendo quem se alimenta, importunando quem descansa,
na essência são os arautos da conformidade e da conformação. São os colaboradores
do conformismo e realmente fazem a notícia, acicatam, pedem cabeças, mas não
formam nem informam.
Os populares não!
O povo, sim! Os vizinhos, sim! A população, sim! Os
fregueses, os munícipes, os cidadãos, os voluntários sim! Sim! Sim, os que
ajudam, os que auxiliam, os que cooperam, os que não são indiferentes, nem se
alheiam.
Mas nem todos os jornalistas são maus, nem todos
desejam bom dia a quem viu a casa arder, ou acabam de sorriso nos lábios após
relatarem acrescido número na fatalidade dos incêndios. Há jornalistas que
observam e descrevem o que vêem e fazem uma pergunta como esta que eu ouvi: “Como
é possível uma zona industrial não ter instalado bocas-de-incêndio para que se
possam usar no combate ao fogo?”
2 comentários:
Falta - lhes sensibilidade e saber .
Mas não só. Nessa linguagem há uma deliberação. Não chamam populares aos que saúdam o senhor presidente, nem aos que assistem aos jogadores de futebol a entrar para o autocarro. É idêntico ao que fizeram com a palavra trabalhador. Os trabalhadores passaram todos a colaboradores.
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