terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Carnaval-Entrudo
Antigamente no tempo em que eu era criança o Carnaval era tempo de excessos. O governo do país era uma ditadura. Faltava a liberdade. O medo e a vida austera atrofiavam um pequeno país sangrado pela emigração e por uma guerra colonial com três frentes activas, em Angola, Moçambique e no país que hoje se chama Guiné-Bissau.
Antigamente pelo Carnaval era comum esperar que a censura pudesse suspender durante 4 ou 5 dias a sua proibição sobre frases que os jornais publicassem, por exemplo: Ela beijou-lhe os lábios. Esperava-se que a polícia deixasse de correr atrás dos vendedores ambulantes, ou deixasse um grupo de mais de 4 pessoas estar na rua falando alto. Esperava-se que factos tão simples como dois jovens erguerem os copos num brinde á Liberdade não constituísse motivo para serem presos pela polícia política(*).
Hoje fico perplexo quando se repetem episódios desse "antigamente". E vejo que há censura mesmo no Carnaval. No Carnaval ninguém leva a mal e eu não quero levar a mal que a polícia haja em situações que parecem saídas desse "antigamente". Parece que a história se está repetindo de forma cómica. Oxalá ela não se venha a repetir de forma trágica.___________________________________________
(*) Em 1961 este facto foi notícia fora de Portugal e indignou um britânico de 40 anos chamado Peter Benenson. Este cidadão do Mundo devido a este acontecimento fundou a Amnistia Internacional.
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