sábado, 28 de março de 2009

Portugal é uma terra de altos e baixos.

Parece uma fábrica mas não é. É uma mercearia gigante. E a julgar pelo complexo de inferioridade latente, deve ser no mínimo a maior da Europa. Fica na fronteira dos Concelhos da Amadora, Lisboa e Odivelas. Chama-se "Dolce Vita" porque esta coisa do hedonismo não tem a ver com filosofia, mas sim com uma espécie de cárcere em que se faz o embotamento dos sentidos. O poder, a vigilância e a punição adquirem formas subtis de estabilidade e segurança, nestes paraísos comerciais de consumo. A democracia foi limitada ao poder da escolha caprichosa, subliminarmente induzida no consumidor: Eu sou livre de comprar o produto que a estrela mediática diz usar, mesmo que isso me consuma metade do salário. O efeito que essa decisão inspira em mim eleva-me nas alturas da confiança e do triunfo. Quando verificar a importância real da minha decisão caio num baixo de frustração, arrependimento e submissão. O desejo por outra inutilidade formata o meu conformismo entre a insatisfação e o clímax do apaziguamento que o consumo provoca. É uma nova forma com que se revestiu a velha servidão.

2 comentários:

Ines Ferreira disse...

não sei se vem a calhar, mas há pessoas que pensam que uma das formas de colmatar a depressão é a fazer compras.
há também compradores compulsivos, e há ainda pessoas que pensam que determinado produto pode sair do mercado por alguma razão (boatos) e compram quantidades enormes desses produtos, uma senhora amiga fez isso com o açúcar, ouviu alguém que tinha ouvido alguém...
-achei interessante um documentário sobre a china em que a grande maioria das pessoas não tem frigorifico, gerando um grande movimento no comercio tradicional, lá é habitual as pessoas comprarem a comida do dia no proprio dia. Acho interessante e fresco.

Catarina Garcia disse...

Bem dito!
Mais um centro comercial para tornar os lisboetas mais "eu quase só saio para ir às compras". Era preferível investirem em revitalizar a baixa de Lisboa que com estes centros todos deixa de ter vida e começa a ser frequentada por gente estranha...