Eu gostava do Outono,
Só se pode gostar da morte quando se é imortal.
gostava das cores vibrantes de vermelho e escarlate.
Desejar a morte não é gostar da morte,
é não aguentar o sofrimento.
Os plátanos despidos tinham cumprido a sombra,
com alegria rodopiávamos
até derrubar o corpo
sobre o tapete almofadado das suas folhas.
Sentia-se o sol a desmaiar morno na aragem fresca
e a água do bebedouro, já sem necessidade,
jorrava a sua curva termal fria.
Havia castanhas assadas que empanturravam
e sabiam a madeira doce fumada,
com elas a permissão temporária
para molhar os lábios com o vinho claro
que chamavam água-pé
e cheirava a morangos.
Havia romãs com graínhas amargas
que os dentes sangravam e sugavam
até à autorização para cuspir.
Eu gostava do Outono
não me lembrava que com ele
vinha a escola e a falta de liberdade.
2 comentários:
Sempre gostarei do Outono . Mesmo com os " senãos " que ele carrega .
E
gosto , bastante , do teu texto .
Obrigado Maria!
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