A montagem de fotografias mostra a casa já em ruína. No primeiro andar logo à entrada da porta havia um forno de pedra, como mostra a fotografia do lado direito.
É uma terra de xisto na Serra de Montemuro. Com essas lousas tudo se
construía: As paredes das casas e os seus telhados. Pavimentavam-se os caminhos
com as pedras em cutelo para que o piso fosse antiderrapante na subida dos
declives acentuados. Com essas rochas que foram leito de um mar anterior à
humanidade nos antípodas da Europa há 465 milhões de anos, quando os
continentes não eram o que hoje são tudo se fazia: desde as pequenas ardósias onde
se aprendia a escrever até ao enorme quadro negro que da escola primária à
faculdade podia albergar as primeiras letras ou as equações matemáticas mais
complexas.
É uma terra de montanha na Serra de Montemuro. A norte corre o Rio Douro a sul O Rio Paiva, A Paiva. Nesta Serra onde as neves perduram para além das que cobrem as montanhas mais altas.
A vida era árdua e austera, no tempo em que a minha mãe nasceu havia uma corrente de emigração para o Brasil onde qualquer trabalho possibilitava uma vida acima do limite da subsistência e da pobreza.
Depois veio o Volfrâmio. O volfrâmio-W, a que hoje
chamamos tungsténio, foi usado durante a Segunda Guerra Mundial para fazer superligas
de aço utilizadas para fins militares entre os quais os projécteis capazes de
perfurar as blindagens dos carros de combate. Portugal era nessa altura o maior
produtor mundial. Toda a Serra foi esburacada na procura dessas pedras pesadas. Depois após breve desafogo a vida voltou a ser difícil como antes, nessa altura pelos 14 anos nesse êxodo rural em que se partia para o Brasil, para o Porto ou para a capital, a minha Mãe vem para Lisboa.
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