sábado, 19 de junho de 2010

A José Saramago Vêm os dias em que somos orfãos mas dias há em que o somos mais profundamente.

6 comentários:

Zélia Guardiano disse...

Uma significativa mensagem toda inteira, em uma única frase...
Bravo, amigo Luis!
Grande abraço

olhodopombo disse...

muna li o Saramago, mas me incomodava as declarações antisemitas que ele gostava de dar....

Catarina Garcia disse...

Tb fiquei muito triste, ninguem o ira substituir

Luis Filipe Gomes disse...

Um abraço também Zélia.

Luis Filipe Gomes disse...

Fátima estás perdendo alguma coisa não lendo Saramago. Saramago fez declarações polémicas muitas vezes. Os seus livros foram polémicos muitas vezes. Os maiores críticos de Saramago não lhe leram os livros, nem as epígrafes, ficaram-se pelo título.
Saramago criticou métodos de segregação e controlo utilizados pelo Estado de Israel para com as populações palestinianas que em muito se assemelham aos métodos usados no passado para obter os mesmos efeitos sobre o povo de origem judaica. Disse também, (as palavras são minhas) que o sofrimento que os nossos pais e avós tenham recebido no passado não legitima o sofrimento que nós venhamos a causar em outros.
Saramago questiona muito a crença como tu fazes. Põe mesmo em causa o efeito de religação da religião. Religação com os outros, religação com a natureza, com o transcendente. Não se pode deixar de reflectir nesta posição dele que continuou sempre comunista e o comunismo como sabes pode ser encarado como uma espécie de religião. Julgo que Saramago sempre refletiu sobre o ser humano e quando ele critica o Deus da matriz Judaico-Cristã ele está a criticar a imagem reflectida em espelho que é a atitude humana quando investida de poder. Poder semelhante ao que um deus teria sobre a vida dos seres humanos.
Fico espantado como tanta gente que critica Saramago por o achar banal e literal caia no erro de o analizar superficial e literalmente.
Quando Goya pintou "Os fuzilamentos do três de Maio", ou desenhou as oitenta e tantas gravuras com "Os desastres da guerra" o que estava em causa não eram os franceses, ou Napoleão, ou a Invasão Francesa, ou mesmo a guerra. O que Goya nos legou foi o aviso para a possibilidade da natureza humana cometer tais actos
de destruição. Passaram precisamente 200 anos que Goya em 1810 começou a sua série de gravuras. Tomaram-lhe 5 anos de trabalho duro.
Passaram alguns dias sobre os derradeiros escritos de José Saramago. Tal como as imagens de Goya as suas palavras, escritas na nossa língua, são um legado para a humanidade e um alerta para que esteja vigilante na sua maneira de relacionar entre si e com o Todo.

Luis Filipe Gomes disse...

Tens razão Catarina ninguém o vai substituir, mas haverá sempre uma nova voz a dar corpo às suas palavras e ao combate pelas suas causas.