Fernando António tinha uma bola
E na bola havia um cão
Enquanto Fernando atirava a bola
A orquestra tocava no salão
A mãe de Fernando não ouvia
A violência da bola
Contra o muro e contra o chão
Viúva coitada andava desolada
Com a sua solidão
Com pasmo a mão de Fernando
Agarrava a bola com precisão
Abria e fechava, fechava e abria
Conforme evoluía a dança de salão
Mas a chuva ritmada
Que caía de viés
Tornava a bola escorregadia
Como a escuma no convés
E o jóquei a galope que na bola corria
Caiu no chão, a galope como o cão
Ficou a bola onde ninguém a via
Como a dor de Fernando
E a dança; no salão.
Sem comentários:
Enviar um comentário