segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fernando António tinha uma bola

Fernando António tinha uma bola

E na bola havia um cão

Enquanto Fernando atirava a bola

A orquestra tocava no salão

A mãe de Fernando não ouvia

A violência da bola

Contra o muro e contra o chão

Viúva coitada andava desolada

Com a sua solidão

Com pasmo a mão de Fernando

Agarrava a bola com precisão

Abria e fechava, fechava e abria

Conforme evoluía a dança de salão

Mas a chuva ritmada

Que caía de viés

Tornava a bola escorregadia

Como a escuma no convés

E o jóquei a galope que na bola corria

Caiu no chão, a galope como o cão

Ficou a bola onde ninguém a via

Como a dor de Fernando

E a dança; no salão.

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