Ao contrário daqui, no Oriente o que é importante não é a cereja mas a flor de cerejeira. Chamam-lhe Sakura, à flor e à árvore.
Nós que preferimos o fruto à flor não associamos a floração das cerejeiras ao fim do Inverno; ao anúncio dos dias de tempo morno; à abundância do Verão.
O tempo breve da floração define a transitoriedade de tudo o que é belo e perfeito. Sakura é a metáfora da nossa própria existência, da impermanência da qual todos somos sujeitos e substância, e da longevidade, da imortalidade através da transformação de um ser noutra identidade.
Esta magnifica cerejeira a que chamam Yamataka Jindai (1) tem cerca de 2000 anos. Tornou-se num monumento vivo e transformou o sítio onde se encontra num local sagrado.
Hoje que é o dia de Solstício de Verão. Hoje que o dia é o maior dia do ano e a noite foi a mais curta, faz falta lembrar estes seres "invisíveis" a quem devemos a atmosfera respirável que usufruímos: As grandes e vetustas árvores e as mais minúsculas algas verdes microscópicas que são o fitoplâncton dos oceanos.
Enquanto saboreio as últimas cerejas deste ano vou enterrando os seus caroços. É forçoso que alguns deles nasçam e quem sabe, se venham a tornar belas e velhas cerejeiras.
(1)O seu nome significa a que foi plantada por Yamato Takeru e tem a idade dos Deuses.
Yamato Takeru é um mítico heroi do Japão da dimensão simbólica de Viriato e que terá vivido pela mesma altura.
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