sexta-feira, 15 de maio de 2015

As flores sêcas do jasmim. Esta é a segunda fotografia em resposta ao desafio feito pelo Diogo Rosa. É também um convite e um desafio para a Beatriz Cunha, para o Monteiro Gil e para a Rosa Reis que tanto me têm ensinado com a sua maneira de olhar e ver.


Sobre a minha fotografia de hoje direi:
A fotografia foi tirada como um instantâneo, uma fotografia que se disparou sem preparação nem estudo prévio e mostra uma planta de jasmim.

O jasmim é uma trepadeira sempre verde não espinhosa que permite fazer sebes e latadas dando sombra e servindo de vedação e corta vento. Florescem até duas vezes por ano. Esta fotografia tirada ontem mostra a floração da Primavera na sua fase avançada. 
As flores brancas de alvura flamejante produzem um efeito visual  apaziguador por contraste com o verde escuro das folhas. Durante a floração o perfume muito intenso torna-se quase inebriante e com a aragem por vezes provoca uma sensação de onda que leva o olfactante a semi-serrar os olhos. O seu aroma quase orgânico confunde o nosso olfacto e provoca um efeito semelhante ao das feromonas sexuais.
O jasmim é muito usado pelos perfumistas mas também o chamado chá de jasmim e o exótico arroz basmati são aromatizados com as flores da planta. No caso do chá é mesmo possível encontar entre as suas folhas as florinhas desidratadas semelhantes às que se podem ver na fotografia.

Esta fotografia pode ser interpretada como metáfora da maneira como eu me vejo nesta fase da minha vida consciente. O plano central mostra os despojos de uma maturidade adquirida, o desfocado primeiro plano simboliza o percurso prévio cuja imagem, apesar da maior escala, não permite ver a definição de contornos e só me vai chegando diluída e difusa mais como imaginação do que como realidade. O plano de fundo ofuscado pela luz é o futuro. Também ele é pouco nítido, também ele é mais imaginado e direccionado pelo fluir ao acaso das gavinhas do que pelo apontar de um alvo para o qual se dispara.

Concluo dizendo-vos que face a tão demorada explicação de uma fotografia, aos tipos que desenham como é o caso, o melhor é fornecer-lhes alguma coisa que risque e alguma coisa onde riscar pois de outro modo não param de falar/escrever.

1 comentário:

Sandra Louçano disse...

Há quem diga que o jasmim é a flor dos poetas.
Tenho essa flor trepadeira plantada num vaso no meu terraço, quando chega a primavera aquela trepadeira ganha um poder magicou. É admirável.
Beijinho e bom fim de semana.