sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

trombetas

























A mulher japonesa olhou o desenho e perguntou se era do Picasso. Respondi que era meu. A expressão da cara dela fez com que alguém sentisse a necessidade de testemunhar que eu o tinha feito ali durante os minutos em que ela se ausentara.

Não são por vezes as melhores razões que expressam um elogio, nem é através de palavras bondosas que ele se  verbaliza. Por outro lado todos gostamos de afecto e de afago e mesmo a depreciação quando provoca um efeito contrário conforta e enaltece.

Mas não gostei de ter sido enquadrado, entalado, rotulado como qualquer coisa dentro de uma classificação, numa gaveta de curiosidades. 
A singularidade é sempre o desejo de qualquer indivíduo por mais integrado que esteja no esforço de afirmação colectivo. 
Também assim é a qualidade do artista, quando decide ser e intitular-se. A arte é sempre uma hierofania uma explicação do sagrado e do profano.

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