domingo, 19 de abril de 2009

As Casas e Palacetes dos Brasileiros.

Um destes dias terei de me demorar mais sobre este tema mostrando mais imagens. Entre os Concelhos de Oliveira do Hospital e Tábua, existem vários exemplares do que se costuma chamar Casas de Brasileiros. Para as explicar a quem nunca as tenha visto, nomeadamente aos irmãos Brasileiros de hoje, direi que o traço de união entre a diversidade que as caracteriza é a exuberância orgulhosa com que se erguem na paisagem rural. Foram maioritáriamente construídas no final do séc.XIX e início do séc.XX, e estendem-se por todo país sobretudo nas zonas em que houve emigração para o Brasil. Os proletários rurais, camponeses, pequenos agricultores, artesãos e muitos outros necessitados tentaram a sua sorte emigrando para o Brasil. Ferreira de Castro no seu romance "A Selva" é muito explícito sobre esta temática. Dos que voltaram os que realmente voltaram abastados construíram as tais casas majestosas como sinal do seu sucesso. Ao tempo da construção e mesmo posteriormente elas foram ridicularizadas por serem consideradas excentricidade de pessoas com dinheiro mas sem instrução e sem bom gosto. Francamente não sei o que naquele tempo significava bom gosto, tal como hoje não sei o que significa. O que sei é que o fenómeno veio a repetir-se com as casas dos emigrantes que nos anos setenta começaram a voltar de França, Alemanha, Luxemburgo,...etc. Tirando vozes como as do Professor e Escultor Lagoa Henriques e do Arquitecto Manuel Graça Dias a opinião geral era de crítica negativa e menosprezo. Hoje as Casas dos Brasileiros que afinal eram emigrantes portugueses retornados ao berço, merecem a atenção e preocupação que são atribuidas ao património edificado. Elas incorporam uma tendência muito actual na arte que é a do artista nómada. No exemplo que vos falo o artista seria um trabalhador rural, de cultura tradicional, alfabetizado ou não que saído da Beira, ter-se-ía perdido nessa gigantesca Terra Brasileira feita de muitas terras diferentes e trabalhado em inúmeras actividades diferentes até ao desafogo financeiro e por ventura à riqueza material e cultural. A casa de cima é agora uma residencial e chama-se mesmo "O Brasileiro". Aqui um pormenor no jardim de outra casa que é como um palácio saído das Mil e Uma Noites

1 comentário:

Ariel disse...

muito curiosa e interessante essa informação que você postou, gostei de saber. engraçado que lá no Brasil, quando pessoas de classes trabalhadoras e sem muita cultura prosperam, elas tendem a ostentar seus bens materiais de forma, digamos, quase agressiva. e as casas são um dos principais focos dessa ostentação, quanto mais próspera a pessoa, maiores e mais luxuosas ficam.