terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Cantigas de Escárnio e Maldizer, uma forma de Entrudo.

A língua que hoje falamos tem o seu primeiro registo escrito nas Cantigas de Amor, nas Cantigas de Amigo e nas Cantigas de Escárnio e Maldizer.
É notável que a mais profunda religiosidade popular das ancestrais Deusas Mãe se transfira para o culto da Virgem Maria Mãe de Jesus, e que isso tenha ficado indirectamente registado pelo louvor e vassalagem a Maria, na poesia das Cantigas de Amor escritas na nossa língua por Afonso X, Rei de Leão e Castela. São as Cantigas de Santa Maria, escritas na Bela Língua como então era conhecida
Não deixa de ser curioso que no registo documental que nos chegou, o amor ao transcendente conviva de forma equivalente com o amor entre namorados (Amigos) e ambos assumam a mesma importancia literária que as cantigas de escárnio e maldizer.
As Cantigas de Escárnio que são de uma ironia superior são o registo de uma matriz cultural que na minha opinião se mantém intacta e nos identifica ainda hoje como povo.
Quanto às Cantigas de Maldizer; só assim chamadas porque nelas, como diz o preceito, se chamam os bois pelos nomes, não há maldizer algum. Há sim a identificação de quem procedeu mal e as razões que o indignado denunciante tem para acusar o outro directamente. Aqui julgo eu estamos no domínio do Carnaval, a isto eu chamaria o julgamento do Entrudo.
Mal das sociedades que não podem julgar o seu Entrudo, fazer numa folia breve e controlada a catarse das suas insatisfações e a restauração do esforço dos sacríficios que lhe impõem.




1 comentário:

olhodopombo disse...

O que eu achei curioso foi sair do que estavas falando das palvras, das cantigas de amor para ir para o Carnaval; o Entrudo antigamente por aqui era considerado o melhor dia do carnaval, hoje ele quase não existe mais....