quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A Folia de Manuel Machado - La folia "Dos estrellas le siguen" - Gérard Lesne and Circa 1500





Hipotéticamente a folia terá sido uma dança camponesa que se destinaria a celebrar a fertilidade e as colheitas. Seria uma dança livre no sentido em que nela participavam homens e mulheres em manifestação de alegria e júbilo pela colheita farta e pelo aproximar do tempo de apaziguamento e algum descanso que os dias mais curtos do Inverno não deixavam de trazer aos que trabalhavam de Sol a Sol.


Pensa-se que a palavra folia, nesse remoto passado, não designava uma melodia específica mas sim uma forma de expressão musical para dançar onde se praticava a improvisação. Faz lembrar o que ainda hoje na nossa tradição subsiste de norte a sul com as desgarradas, as cantigas ao desafio e os bailes.

Terá sido através do teatro nomeadamente, através de Gil Vicente que esta dança ganhou uma divulgação entre o público não campesino, nomeadamente o público da chamada Côrte.

A sua passagem para o domínio europeu e a sua elevação a tema sujeito a inúmeras variações interpretativas de compositores desde o séc. XV ao séc. XX não constitui surpresa atendendo á característica encantatória da melodia.

Não parecendo haver dúvida que o tema seria originalmente de tradição portuguesa, na sua divulgação toma muitas vezes o nome de “Folia de Espanha”. A Côrte de Filipe II, neto de D. Manuel I, terá contribuído indirectamente para a sua divulgação, já que por lá passavam os mais influentes músicos da época vindos de toda a Europa onde a Espanha tinha interesses e pretensões. Será essa uma explicação possível mas que manifestamente é insuficiente para explicar a sedução que ao longo de séculos este tema melódico tem exercido sobre os mais diversos compositores.

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