Tintinábulo é já em si um nome onomatopaico, descreve e reproduz
o som tim-tim que os vários sinos fariam sempre que algum
golpe de vento ou algum estremecimento perturbasse a tensão dos finos fios que
os sustentavam.
Os tintinábulos são comuns a várias culturas mas assumem uma
relevância na cultura latina e duram até hoje no pescoço dos animais desde as
versões maiores dos chocalhos até às mais pequenas versões dos guizos.
Sobrevivem também nas campainhas das portas e no culto
religioso Cristão Católico Romano.
Lembro-me que na casa rústica do meu avô havia uma campaínha
suspensa por um arco de volta perfeita, feito de uma aduela de aço, pendurado na
porta de serventia da casa. Essa campainha soava ao mínimo movimento da porta
mesmo nas pequenas oscilações do cordel que a mantinha sempre aberta. Essa
campaínha não se destinava a ser tocada por ninguém pois não tinha nenhum fio
que a puxasse. Quem se acercava da porta do quinteiro gritava pelo nome da Dona
ou do Dono da casa, os reconhecidos na casa que os cães deixavam passar ficavam
no início da escada e batiam palmas enquanto repetiam o chamamento.
Lembram-me também as campaínhas de lojas comerciais de outros
países em que o frio obriga a que as portas se mantenham fechadas no trinco. É
claro que quando alguém abre a porta alerta o comerciante caso ele se encontre
em sítio que não lhe permita observar a entrada mas essa tradição tem um
antecedente arcaico que reside na crença do poder do som.
O som ter um poder apotropaico, de afastamento do mal de
inveja, do olho cobiçoso, e mesmo o poder de afastar os furtos dos gatunos e os
roubos dos ladrões.
Os tintinábulos priápicos são fascínios ou seja, são
feitiços. Neste caso não se destinam a atrair mas a afastar o mal. Na
antiguidade são usados nas portas das habitações, nas janelas, sobre as camas
das crianças, pendurados ao pescoço, em pulseiras, no cordame e nos mastros dos
navios.
1 comentário:
Interessante post, que nos traz até aos dias de hoje, em que se continua a usar os trintinábulos, exactamente pelas mesmas razões...pragmáticas ou supersticiosas!
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