sábado, 10 de agosto de 2013

Tintinnabulum priápico



Tintinábulo é já em si um nome onomatopaico, descreve e reproduz o som tim-tim que os vários sinos fariam sempre que algum golpe de vento ou algum estremecimento perturbasse a tensão dos finos fios que os sustentavam.

Os tintinábulos são comuns a várias culturas mas assumem uma relevância na cultura latina e duram até hoje no pescoço dos animais desde as versões maiores dos chocalhos até às mais pequenas versões dos guizos.

Sobrevivem também nas campainhas das portas e no culto religioso Cristão Católico Romano.

Lembro-me que na casa rústica do meu avô havia uma campaínha suspensa por um arco de volta perfeita, feito de uma aduela de aço, pendurado na porta de serventia da casa. Essa campainha soava ao mínimo movimento da porta mesmo nas pequenas oscilações do cordel que a mantinha sempre aberta. Essa campaínha não se destinava a ser tocada por ninguém pois não tinha nenhum fio que a puxasse. Quem se acercava da porta do quinteiro gritava pelo nome da Dona ou do Dono da casa, os reconhecidos na casa que os cães deixavam passar ficavam no início da escada e batiam palmas enquanto repetiam o chamamento.

Lembram-me também as campaínhas de lojas comerciais de outros países em que o frio obriga a que as portas se mantenham fechadas no trinco. É claro que quando alguém abre a porta alerta o comerciante caso ele se encontre em sítio que não lhe permita observar a entrada mas essa tradição tem um antecedente arcaico que reside na crença do poder do som.

O som ter um poder apotropaico, de afastamento do mal de inveja, do olho cobiçoso, e mesmo o poder de afastar os furtos dos gatunos e os roubos dos ladrões.

Os tintinábulos priápicos são fascínios ou seja, são feitiços. Neste caso não se destinam a atrair mas a afastar o mal. Na antiguidade são usados nas portas das habitações, nas janelas, sobre as camas das crianças, pendurados ao pescoço, em pulseiras, no cordame e nos mastros dos navios.

1 comentário:

Justine disse...

Interessante post, que nos traz até aos dias de hoje, em que se continua a usar os trintinábulos, exactamente pelas mesmas razões...pragmáticas ou supersticiosas!