Artesanato Russo; Brinquedos; Instrumentos musicais de percussão; Fábulas; Madeira de bétula. |
Mas coleccionar é o quê afinal? É classificar objectos semelhantes? Talvez sim, por exemplo quanto à função: -Brinquedos.
Mas se tiver mais do que uma?
Com certeza: Brinquedos; Instrumentos musicais de percussão.
Mas porque não a origem?
Origem? Muito bem: Artesanato Russo; Brinquedos; Instrumentos musicais de percussão.
Mas e a imagética da coisa, o significado associado, a semiótica?
Artesanato Russo; Brinquedos; Instrumentos musicais de percussão; Fábulas.
E o material?
Artesanato Russo; Brinquedos; Instrumentos musicais de percussão; Fábulas; Madeira de bétula.
Talvez seja isso! Talvez o coleccionismo sirva para satisfazer um desejo de conhecimento e fuga, uma vontade de viagem temporal e espacial, uma necessidade de identificação e rastreio do tempo. Mas e quem não colecciona? E os que desistem de coleccionar como eu?
Eu desisti do acto de coleccionar porque me apercebi que todas as colecções são supérfluas. Agora tento não acumular nada, mas cheguei a um ponto em que o que é difícil é não coleccionar. O recolher itens sem que haja percepção disso é algo que só se torna palpável quando falta espaço para outra qualquer coisa. Por exemplo quando quero guardar uns livros e assim os colecciono para depois ler, que fazer aos outros livros? Refiro-me aos que já li, mais os que desisti de ler, mais os que não consegui ler, mais os que já antes tinha para ler depois...
Coleccionar é como comer demais, procura-se preencher um vazio qualquer. Colmatar uma falta primordial de algo que se perdeu ou que se achou possuir.
Eu que coleccionei, e que coleccionei canecas porque concerteza elas me faltavam, tinha com elas e para além delas uma sede de conhecimento, um desejo de fuga da realidade, e mais do que tudo uma vontade de dar de beber à dor...
Caneca; Artesanato do Alto Alentejo; Chifre de bovino |
2 comentários:
Tema muito interessante e que gostaria de discutir (no sentido de trocar impressões), tranquilamente e com todo o tempo do mundo, à volta de um chá! Mas cá para mim é muito diferente colecionar sapatos ou livros, caixinhas de música ou joias antigas, autocolantes dos anos 70 ou cds de jazz...
Penso que, lá bem no fundo, ainda não ultrapassámos a nossa condição de animais recolectores!
Agradeço o comentário Justine.
Partilho a vontade de trocar impressões sobre o tema.
As pessoas são diferentes e mesmo as colecções de objectos idênticos são diversas no seu propósito.
Concordo que somos recolectores, acho que tudo começa por aí. Mesmo os nómadas cujo tipo de vida impede a acumulação já na pré-história coleccionavam. Nos colares havia contas de materiais diferentes e de proveniências distantes entre si.
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