Habituei-me a olhar.
Só me era permitido olhar.
"Um lápis de silêncio,
um papel de
embrulhar alegria:
-Eis a mordaça,
é tua!
para a fuga?
Sim podes
escapar. Desenha!
Não fiques pasmado. Enxerga-te! Corre!"
Correr sem resfolegar,
Ofegar sem ruído,
Correr, correr...
Deixar a cabeça
correr,
Os bofes na boca...
E o corpo especado
a correr
sem soar,
o corpo especado
a correr sem
súor,
cabeça a andar à roda
até cair ou se turvar
o olhar.
Hoje quando a desenhar
de atouguia guardo a vida
e dela a morte em atalaia;
no papel não quedo olhar.
se o papel vejo, o que avisto
é visão profunda,
o que vislumbro é dentro!
Miro-me fundo, não especulo.
A vista não está no papel,
mirai dentro
se quereis ver!
1 comentário:
É isso . . . mirai dentro .
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