quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

OLHAR.



Habituei-me a olhar.
Só me era permitido olhar.

"Um lápis de silêncio,
um papel de embrulhar alegria:
-Eis a mordaça, é tua!
 para a fuga?
Sim podes escapar. Desenha!
Não fiques pasmado. Enxerga-te! Corre!"

Correr sem resfolegar,
Ofegar sem ruído,
Correr, correr...
Deixar a cabeça correr,
Os bofes na boca...
E o corpo especado
a correr sem soar,
o corpo especado
a correr sem súor,
cabeça a andar à roda
até cair ou se turvar o olhar.

Hoje quando a desenhar  
de atouguia guardo a vida
e dela a morte em atalaia;
no papel não quedo olhar.
se o papel vejo,  o que avisto
é visão profunda,
o que vislumbro é dentro!
Miro-me fundo, não especulo.

A vista não está no papel,
mirai dentro
se quereis ver!

1 comentário:

Lilazdavioleta disse...

É isso . . . mirai dentro .