terça-feira, 16 de agosto de 2016

Os Índios da Meia-Praia. Uma ode aos construtores.


Na década de 50, dezenas de pescadores originários de Monte Gordo chegaram a Lagos, na outra ponta do Algarve, à procura de trabalho. Na Meia-Praia havia peixe mas faltavam casas. Improvisaram-se cabanas colmo nas dunas... o aspecto valeu-lhes a alcunha de Índios, os Índios da Meia-Praia.
Quando se deu a revolução de 25 de Abril de 1974 já só restava uma cabana de colmo. Todas as outras tinham sido transformadas. Eram barracas de zinco, com os dias contados porque o governo da altura queria acabar com as barracas no país.
Através do serviço ambulatório de apoio local, conhecido como projecto SAAL, o governo cedia o terreno, o apoio técnico e parte do dinheiro, se as populações avançassem com a mão-de-obra.
Ansiosa por deixar as barracas, a população organizou-se em turnos. Quando os homens estavam no mar, eram as mulheres que trabalhavam nas obras. Havia duas regras: as habitações tinham de começar a ser construídas ao mesmo tempo e todos teriam de ajudar na construção de todas as casas.
O carisma dos Índios da Meia-Praia chegou aos ouvidos de um realizador de cinema. António da Cunha Telles decidiu documentar a transformação que estava em marcha. O trabalho deu origem à música de Zeca Afonso.


Jornalista: Conceição Ribeiro
Imagem: Ricardo Soares
Edição: João Nunes
Produção: Madalena Durão; Diana Matias
Coordenação: Isabel Horta
Direcção: Alcides Vieira





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