domingo, 29 de janeiro de 2017

No final do ano de 1979 o "The Wall" dos Pink Floyd acabara de sair. Ao cabo de Janeiro de 1980 todo o libreto tinha sido decorado bem como as entradas dos instrumentos, os sons mais variados, os berros das vozes de comando e até os ruídos assustadores.



 Não sabia nessa altura em que medida era premonitória essa obra. De forma semelhante quando li "O Admirável Mundo Novo" do Aldous Huxley ou o “1984” do George Orwell imaginei que aquelas fôssem visões de antecipação e futuro. Pensei que identificavam o passado e até o presente coevo da altura em que os autores as tinham escrito. Acreditei até que uma vez materializadas eram obras que tinham o poder apotropaico de afastar a iniquidade que descreviam. Ignorância minha; de facto são obras de arte que identificam cânones de totalitarismo e opressão que se mantêm constantes ao longo da História. Nesse sentido como obras de arte singelas encerram mais conhecimento do que estantes cheias de ensaios e documentos de investigação. O facto de ser ficção não as desmerece nem as banaliza pois tem o poder dos antigos mitos que narram enredos complexos que cada época tem de reinterpretar. 


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