terça-feira, 17 de maio de 2011

É O POVO PARVO

(onde se lê: É o povo parvo deve ler-se: É o povo, pá!)

Há agora aí um grupo de rapaziada auto-intitulado: É o povo, pá!

O nome saiu de uma piada, parecem seguir a senda contestatária dos Homens da Luta.
Estes na melhor tradição da militância clandestina agem pela calada da noite e escondem os rostos; não com um barrete passa montanhas; chamam-lhe agora máscara de esqui; não com um gorro, um cachecol, um lenço, uns óculos e muito menos com uma meia de nylon enfiada na cabeça. Não; eles usam umas máscaras muito distintas tipo Carnaval de Veneza que costumam ser exibidas nos programas decentes de televisão que mostram pessoas com identidade a resguardar dos maus que estão entre o público telespectador que somos nós.

Os rapazes deste grupo estão desempregados por isso a sua acção nocturna nada tem a ver com a militância generosa que levava os militantes partidários que trabalhavam durante o dia a só poderem colar cartazes à noite retirando tempo ao que deviam reservar para a família e para o seu descanso.

A rapaziada lá apareceu a colar os ditos cartazes de uma forma muito civilizada sem usar aquelas pegajosidades viscosas com aspecto de regurgitação de infante em período de aleitação. Não; eles usaram fita-cola.

Pensei para comigo que nunca vira coisa tão civicamente elevada como esta a não ser no País Basco onde os cartazes eram colados dessa maneira e as faixas de pano a envolver locais do património histórico eram atados com laçadas simples de frágeis cordéis.

Será que estes portugueses são como os activistas Bascos? Se forem o povo estará do seu lado e não retirará os cartazes, a polícia fará de conta que não percebe ou por tolerar aquele escape verbal que evita a violência ou por medo de potenciar a violência.

Mas não; os cartazes foram logo arrancados não pelo povo, não pela polícia mas por uns funcionários ou colaboradores dos Centros de Emprego à porta dos quais tinham sido colados.

Mas esta rapaziada é moderna e ciente das novas tecnologias e métodos de marketing, alguns até serão especialistas licenciados nessa área de conhecimento e propaganda.

Assim chamaram as televisões e os jornalistas para as suas manifestações de afirmação política. Não sei como o conseguiram. Eu bem sei em quantas manifestações de milhares de pessoas participei sem que as TV’s aparecessem; quantos encontros de trabalhadores e quantas convocatórias feitas para conferências de imprensa sem que um só jornalista aparecesse. Eles conseguiram, e para dizer o quê?

NÃO QUEREMOS SUBSÍDIO, QUEREMOS EMPREGOS.

Perfeito! Como emprego não há e isso já sabem, ainda bem que também não querem subsídio, o PS o PSD TROIKA & CIA. Agradecem. Será por ser pequeno que eles o não querem?

Um escritor da moda e do top, deu a cara pelo movimento; não, não apareceu a colar cartazes de cara destapada, apareceu para dizer qualquer coisa do género:

-Não ficar pela depressão e passar a acção.

E as TV’s mostraram a acção que vos relatei!

Não é momento para neutralidades.

Não percebi de que neutralidade falava, talvez da dele. Quanto à frase do cartaz que colaram em tão clandestina acção não era de certeza. Ou seria?

Lembrei-me que foi por ouvir declarações como esta e piores, que nunca li nenhum livro do tal escritor.

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