Se há coisa que o povo não tolera é enganar-se, ou ser enganado, e cair no ridículo de fazer a vénia ao bobo pensando que a está a fazer ao rei.
Foi o que aconteceu com a peripécia do apodado avô cantigas antigo ministro das finanças do Sr. Silva. Este mago financeiro recebeu tal apodo, precisamente por dizer que fazia e acontecia o que não fez nem aconteceu. A medida mais famosa que ele tomou e hoje já poucos lembram, foi a de penhorar um sanitário a um clube de futebol do norte.
Quanto ao génio na gestão financeira, convém lembrar que nessa altura entravam em Portugal 1 milhão de contos de remessa dos emigrantes; mais 1 milhão de contos de ajuda europeia. Muito desta ajuda, na altura dita a fundo perdido, estamos a pagá-la agora. Essa ajuda destinou-se a acabar com o alto-forno em Portugal, leia-se siderurgia, (ouvi isto da boca do Sr. Champalimaud; lê-se champálimô e não champáli-maúde para não parecer linguagem sarraceno indiana). Essa ajuda,dizia eu, foi para acabar com a indústria vidreira, com a metalomecânica pesada, metalomecânica de precisão, construção naval, e tudo oque fôsse indústria exportadora, sem falar no sector primário: agricultura, pescas, extracção mineira. Foram os tempos da erosão de recursos: arrancar pomares, montado, olival, vinha… a troco de tostões plantar eucaliptos que comem os solos secam a água e destroem a biodiversidade. Num eucaliptal reina sempre o silêncio da morte; não há insectos, não há pássaros e como não estamos na Austrália também não há marsupiais e os únicos mamíferos são os serradores.
Ora este avô cantigas, não confundir com o avô cantigas original que faz música para crianças; andava a ser promovido a Professor. Professor desses que são patrocinados pela publicidade televisiva e que vendem ideias como antes se vendia banha da cobra. As ideias desses professores, não fazem bem, nem mal, como a banha da cobra, mas quem neles acredita sente-se melhor como se sentem melhor os que acreditam nos poderes curativos da banha da cobra.
Ora o avô cantigas quando estava no auge da sua transformação televisiva em professor; no português televisivo oral diz-se pçôr decide ao vivo em directo pôr pintelhos na boca, uns ouviram pintelhos, outros ouviram pentelhos. É sabido que o ouvido de cada um tem a ver com a sua cultura e que cada um ouve o que a sua cultura lhe permite ouvir. Um rei ouviria da boca do pçôr que ele disse lana caprina mas eu que não sou rei e muitas vezes passo por bobo ouvi distintamente pintelhos. Eu e o povo. Afinal o pçor essa figura que sempre nos é apresentada como sendo augusta e de estatura elevada, pelo menos sempre maior que a nossa, não passa de um Eduardinho.
E assim se foi; de férias e para parte incerta, o promitente pçôr o tão auspicioso ministro. Dizem que foi a banhos para Abrantes. Que passe bem; e por lá coma muita palha que é gulodice indicada para criatura da sua qualidade.
1 comentário:
Texto muito bom, grande opiniao :)
Enviar um comentário