terça-feira, 24 de março de 2015

Na morte de Herberto Helder



Na morte de Herberto Helder

Do sossêgo das tempestades dizem os peixes
e não os náufragos.

Das alamedas de grandes plátanos dizem as crianças
que por lá passavam na aprendizagem de laranjais
amargos e ciprestes. Verdes todos eles e perenes
como se o tempo das tardes mornas sempre ficásse
 e a mãe viesse contar uma história.
Ao lanche com uma caneca de chá e uma
fatia de pão com geleia.

Adoeceram as alamedas e as azinhagas
foram tiradas a dinamite e a lagartas de aço.
Betonaram o chão, encanaram o rio
e os prodigiosos rouxinóis calaram-se
como se imaginários tivessem sido.

24 de Março de 2015

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