No museu está patente, entre outras, uma exposição de escultura sacra em pedra policromada. Este costume de pintar as esculturas tem antecedentes muito antigos e já gregos e persas pintavam as suas esculturas com as cores mais garridas que os materiais da altura lhes permitiam; tal como aqui foram pintadas Santa Luzia e Santa Catarina.

Ainda na pré-história a pintura do próprio corpo para protecção contra o sol, o frio, os insectos; ou para a dissimulação de odores e melhor mimetismo nas caçadas ou nas disputas tribais, talvez tenha desencadeado um processo simbólico de rito temporal que tenha sido estendido às pedras onde se desenhavam e gravavam imagens. Na pedra,essas imagens, com a coloração e a luz indicada criariam melhor a ilusão de serem animadas.
As esculturas sacras que estão na exposição têm esta característica de parecerem ter vida.

Também o menir da Póvoa de Midões, ao ser caiado segue na linha desta tradição pictórica e mágica de unção, de derrame, de passagem de fluido. O menir é baptizado de branco e as forças pagãs que o erigiram, que o ereccionaram, são controladas, domadas por um deus maior. Tal como a gárgula que por vezes retrata uma realidade povoada de animais fantásticos, demónios e pecadores que ali na pedra são cristalizados para servir e dar caminho apaziguado às águas mais catastróficas, dos céus mais medonhos e tenebrosos que na mercê de Deus assim eram confiadas às cisternas.
3 comentários:
Que encanto, Luis!
Você nos traz verdadeiros tesouros!
Não consigo ficar sem visitá-lo... Já faz parte da minha rotina.
Obrigada, amigo!
Um grande abraço
calcário pintado é fabuloso
Lindíssimas .
Enviar um comentário