Os Plátanos majestosos criavam um espaço mágico. As risadas e os gritos
das correrias do jogo da apanhada ecoavam ali como num átrio de catedral.
As copas daquelas grandes árvores abrigavam uma atmosfera fresca e
protectora na qual até os adultos permaneciam crianças. Ali chegados à tardinha era vê-los trocarem os bancos do
jardim por aquele chão estofado de folhas e ali ficarem despreocupados a ler ou a
dormitar. Era assim que se sabia do Outono, pelas cores daquelas magníficas
folhas serrilhadas que se desprendiam do alto, em voos suaves e ondulantes como
pássaros que procuram o melhor sítio para pousar.
Eu apanhava folha atrás de folha até que nas mãos não coubessem mais
colecções.
Sem saber fazia mostruários de cores que tinham nomes exóticos: Sépia,
Vermelhão, Carmim, Carmesim, Terra de Siena, Ocre, Amarelo de Nápoles, Âmbar,
Açafrão...
Nomes que tinham os cheiros e os sabores dos frutos de todas as Estações
do Ano: Laranja, Cenoura, Cereja, Morango, Amora, Romã, Castanha...
Nomes que tinham um perfume intenso e a doçura do mel: Café, Chocolate,
Caramelo, Capilé, Groselha...
Mas não se podia ficar por ali, só com aquelas cores mornas de sol crepuscular. Havia ainda os verdes!
Ao contrário das estátuas de bronze que no jardim esverdeavam com o passar do tempo
as folhas verdes bronzeavam e ficavam douradas. Algumas delas porém guardavam o verde
por mais alguns dias dando àquele chão almofadado a riqueza cromática de uma
tapeçaria.
Então lá ía em busca das folhas verdes: O Verde Oliva, o Verde de Chartres, o Verde Sapo, o Verde...
2 comentários:
Lindo , não , lindíssimo este teu Outono .
A minha estação preferida .
Adorável o teu desenho! E o texto tem cheiro, sabor e cor, muita cor!
Vivó Outono:)))))
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