Não deixa de ser curioso, mas conta-se que após o 25 de Abril de 1974, acabada a
censura, os autores de teatro de revista que nada tinham para dizer e que viviam
da insinuação da sua própria falta de liberdade de expressão e da cumplicidade
que buscavam nos espectadores pelo muito que os obrigavam a calar; uma vez
acabado o “lápis azul” e não havendo retaliação, ou qualquer represália, conta-se que perderam
a inspiração. Os que supostamente muito tinham para dizer caíram no marasmo
criativo, afinal, tirando o jogo do subentendido em que cada um entende o que
quer segundo as suas possibilidades, nada tinham a acrescentar. Esses autores
adoptaram então o óbvio, o vernáculo mais grosseiro devido a sua incapacidade
de criar algo novo.
O palavrão que antes era interdito e que agarrava o público
com risos de euforia catártica pelo simples pronunciar do m no vai à
m... Passou a ser comum, já ninguém se espantava nem com o m de vai
à m... Nem com a merda, toda ela. Os mais ousados anarquistas da época até criaram um jornal com esse nome.
Assim é com
muitos autores em outras artes que limitados pela sua incapacidade de
originalidade se dedicam a copiar o trabalho dos autores verdadeiramente criadores.
A falta de autenticidade desses autores torna-os literais
pois nada acrescentam de seu. A sua incapacidade de reflexão faz com que a
cópia daquilo que surrupiam na internet até nas páginas daqueles de quem fingem
ser amigos, seja uma atabalhoada e sôfrega reprodução que por vezes de tão
torpe chega a passar por trabalho original debaixo da máxima “se é feio é bom”.
A estes autores a censura do lápis azul dar-lhes-ía
legitimidade uma vez que o seu sentido ético está morto e o seu sentido moral é
míope para além do próprio umbigo, e assim com censura poderiam apresentar por sua
a ideia de outros como se estivessem interpretando um sentimento colectivo
mesmo não sabendo de quê. O pior é que eles nem sabem o que é isso de legitimidade a não ser a que lhes possibilita a sua própria existência parasitária.
A estes autores a censura do lápis azul dar-lhes-ía
legitimidade uma vez que o seu sentido ético está morto e o seu sentido moral é
míope para além do seu umbigo, e assim com censura poderiam apresentar por sua
a ideia de outros como se estivessem interpretando um sentimento colectivo
mesmo não sabendo de quê.
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