Da esquerda para a direita, "A pedra-que-abana", "O Templário" escultura do António Diogo Rosa "Álvaro Góis, Rui Mamede", os desenhos "Escopro" e "Maceta Portuguesa" e a escultura Bernardo Soares. A folha na diagonal reproduz um texto do Livro do Desassossego que diz assim:
Uma pedra é mais interessante que um
operário.
A dor de uma árvore que o vento abata quão
mais nobre é que a angústia de um jornaleiro que morre de miséria! Ao menos
morre silenciosa, salvo o (...) de quebrar-se e o baque de cair morta. Não
morre dizendo asneiras sobre capitalistas exploradores e reivindicações
sociais. Não é suja nem feia... E um operário mal trajado raras vezes o não é.
A funda comoção que é a alma estática dos
rochedos é mais verdadeira e bela que toda a teoria socialista ou anarquista.
A canção de um rochedo pode ser asneira,
pode ser que não exista. Mas as teorias humanitárias são asneiras com certeza,
e sobre serem asneiras sociológicas, são asneiras de análise psicológica.
Mesmo que um monte pareça frio sempre
há-de haver um poente que lhe ponha uma auréola de beleza e alheamento. E que
poente nos vai dourar para pitoresco um estúpido que moureja para ganhar numa
fábrica o pão de cada dia? Que ânimo orna de novidade um sub-homem que (...)
O poeta busca a beleza, não busca a (…)
E que beleza tem a dor dum proletário?
Ainda quando é a dor de um aristocrata chorando...
Uma manada de operários! Se a gente [...] com demorada
intensidade nauseia-se. A dor de uma mulher do povo! Uma berraria indecorosa
que um ouvido musical não pode ouvir.
2 comentários:
Como curadora da Galeria Beltrão Coelho quero agradecer ao Luis Filipe Gomes, pela exposição, pela colaboração e pelo apoio das suas publicações ao projeto e evento. Agradecimentos aos parceiros de equipa artística pela exposição LAPIS (António Delicado e Diogo Rosa)
Ildebranda Martins
Boa tarde
Gostei muito da exposição; muito equilibrada e com trabalhos fantásticos de qualquer dos artistas.
Abraço, JHP
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