E quando se muda toda a disposição da exposição?
Para mim o espalhamento é a disposição que se dá às várias peças num espaço, o destaque que se atribui a cada uma de forma a criar uma ordem ou um caos.No fundo é um roteiro sequencial, uma lista.
O Umberto Eco falou e escreveu sobre essa "Vertigem da Lista".
Os espalhamentos são por vezes etéreos, por ser tão baixa a densidade das peças a observar face ao espaço que ocupam. Neste momento é ainda essa a tendência expositiva das galerias comerciais.
O meu objectivo para esta exposição tem vindo a evoluir e os constrangimentos com que me vou deparando obrigam a uma saturação expositiva que já é favorecida pela representação que adoptei face à temática destinada: "a pedra".
Mais do que isso, o espaço que eu aceitei para a apresentação das minhas peças, dos meus desenhos, já contém esse confinamento de nicho, de cripta.
Agora que a montagem da exposição se aproxima surgem as dúvidas sobre o tal espalhamento.
Mas é normal, recordo que a exposição que me deu mais trabalho e demorou mais tempo a montar, foi uma individual que fiz numa galeria que conhecia bem por ter feito o espalhamento e a montagem para muitos artistas que por lá passaram. No meu caso e em causa própria, o discernimento e a avaliação da maneira de fazer bem ficam turvos como num nevoeiro, perco perspectiva e visão global. Só os detalhes parecem contar e isso é um alerta para mim. Reparo que essa é a minha maneira de estar em processo de fuga. Um processo que me leva precisamente ao desenho, sendo através do desenho que a evasão desse estado de visão confinada se torna possível.
No nevoeiro também impera o silêncio, daí talvez não conseguir ouvir música quando estou a desenhar, se ela estiver presente deixo de a ouvir.
1 comentário:
Também, meu caro Luís, aquilo a que chamas "espalhamento", foi para mim bastante "doloroso" mas no fundo conseguimos dar um pouco de ordem ao caos.
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