Dão-nos os pais em fardo o que melhor ajuizaram ser nosso sustento futuro. Bem à maneira do deus que escreve nas linhas tortas agarramos nesse fardo esmagador e derramamos os grãos nessa ausência cava com forma de buraco redondo chamado mágoa e trituramos nossa carga alienando-a como um lastro. Aliviamos com o movimento perpétuo, fechado em ciclo, o círculo de pedra picada que temos na alma. O peso soterrante da nossa herança feito em pó, assim vai. Desprendemo-nos da farinha que vai ser pão quotidiano e bolo da festa de outros. A bênção com que nos amaldiçoaram alimenta a fome alheia. À margem olhamos a felicidade dos que se nutrem, conscientes de si e esquecidos de nós.
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