Aos 11 anos, aí pelo ano de 1973, numa enciclopédia da Life, em que se publicavam estatísticas e se faziam projecções para o futuro, descobri um mapa da Península Ibérica em que se previa a sua desertificação.
Todas as zonas do centro e sul de Portugal estavam coloridas com amarelo, como se as areias do Deserto Sahara tivessem atravessado o Mar Mediterrâneo de um lado e o Oceano Atlântico do outro.
Estes maricanos são malucos; quais deserto quais carapuça; o que sabem eles do que se passa cá?
Curiosamente tantos anos depois há gente a pensar como eu pensava quando era miúdo.
Fazem-se furos para regar campos agrícolas, e pior do que isso campos de Golf. Água que choveu há dezenas, centenas e mesmo milhares de anos é despendida a fazer crescer relva.
Portugal tem castelos, mosteiros e paços por todo o território. Foram construídos e reconstruídos pelos antepassados que aqui habitaram; muitos são anteriores à nacionalidade. Em todos eles existem grandes reservatórios subterrâneos que armazenam a água da chuva. Algumas destas cisternas são abastecidas por aquedutos. Temos aquedutos romanos de belos e altos arcos que atravessam quilómetros, outros construídos pelos mouros são subterrâneos usam, o princípio dos vasos comunicantes e pouca gente dá por eles, da Idade Média canais Cistercienses ainda afloram superficiais entre musgos, fetos e samambaias nas matas húmidas captando toda a água que as plantas gemem.
E nós os tipos mais instruídos de sempre, doutores, engenheiros, arquitectos, artistas de toda a espécie o que fazemos?
Vamos ao hiper-mercado ou à loja de conveniência comprar uma garrafa de água mineral e depositamos no lixo a garrafinha de plástico da nossa sede momentânea.
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