quinta-feira, 31 de maio de 2018

In Memoriam Paulo Rodrigues.

Nasceste no Primeiro de Maio e disse-te que o meu melhor amigo tinha nascido nessa data, com o Jorge eras a terceira pessoa que eu conhecia a nascer nesse dia.
Agora já não poderemos falar da pintura do Manuel Gamboa que também nasceu em Maio e vai a caminho dos 94 anos. 
Nem poderemos falar da aguardente de medronho e daquele perfume a flores que fica na boca quando ela é boa; nem do estranho vermelhão dos medronhos, cheio de amarelo pólen por dentro. Um vermelho sem verde dentro.
Não poderemos voltar a Moscavide onde gostavas da malga de sopa, do prego grelhado com alho, e do copo do vinho tinto. Mais um café e ficavas jantado.O tinto era bom. 
Não irei lá à casa do Algarve apesar da tua generosa insistência, fica para outra ocasião dizia eu. Sim ficará para outra altura.
Agora que na quietude e no espanto saíste neste último dia de Maio, nesta Quinta-feira de Corpus Christi quando se espalham flores pelo chão e o pão é verdadeiramente o Corpo de Deus apanháste-me de surpresa. A dor de cabeça atormentava-me e estava longe de pensar em alguma coisa mais, além de bigornas e martelos. 
Agora sem Bigornas e martelos, o que ficou no ar foi Zadig e Voltaire preto. Fugazmente leve.





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