quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dia das Mentiras

Passou desapercebido o “dia das mentiras”. Hoje na nossa cultura triunfante e triunfal Já não há lugar para a mentira. A mentira foi eliminada. Hoje apenas existe a inverdade, a falta de rigor, e outras excêntricas sinestesias em que o que nos sugerem é o paladar da mosca. Quero eu dizer: para a mosca, tão saboroso é o favo de mel como o monte de esterco. Hoje a mentira não me cheirou nada bem e como de costume os noticiários e as notícias deixaram-me um gosto na boca que nada tem a ver com mel. Contudo hoje revelaram-me uma nova perspectiva de encarar esta realidade. Dizia um sujeito a outro que julgava tê-lo enganado: “-Não penses que eu sou otário, porque não sou! O que eu sou é um gajo bacano!”

4 comentários:

Zélia Guardiano disse...

O "Dia da Mentira" perdeu o sentido, deixou de ser uma data propícia para brincadeiras, etc. aqui no Brasil porque, cá na nossa terra, todo dia é dia da mentira. Lamentavelmente somos um país de mentirosos, a começar pelos governantes. Caçadores de Prêmio Nobel que são, saem pelo mundo em " missão de paz", enquanto vivemos uma guerra civil...Mas não quero que este seu espaço seja contaminado pela minha descrença...
Um abraço, meu amigo

Luis Filipe Gomes disse...

Entendo o que referes. Eu por vezes não padeço de falta de fé, o que tenho mesmo é mais do que isso é cínismo pois não vejo razões para qualquer esperança. Fico sempre preocupado mesmo à nosssa escala portuguesa de 10 milhões, quando me vêm anunciar a falta de polícia nas ruas. Pergunto-me então porque não se preocuparam com a falta das mães e dos pais em casa, ausentes em trabalhos mal remunerados desde madrugada até à noitinha? Porque não deram por falta dos professores desapoiados e sem meios para reencaminhar alunos que aos poucos se íam perdendo para a escola e para a vida? Porque foram deixando que se criassem condomínios fechados à medida que foram construindo guetos? Pergunto-me porque é que a televisão que noticia a falta de polícias, é também a que passa ininterruptamente séries de violência em que a normalidade é o crime e a perseguição? E porque é que a Justiça tem mão pesada para os pobres e mão tão lenta e branda para os que têm dinheiro para contratar escritórios de advogados?
Não te coíbas de dizer o que desejes aqui neste sítio. É um privilégio ler a tua opinião incisiva, lúcida e disperta.
Luís

Scarlata disse...

Aqui chama-se pesce d'aprile, peixe de abril, e eu e o Duarte fazemos sempre um para colar nas costas de alguém... ;D

Beijinhos!

Luis Filipe Gomes disse...

Os franceses também chamam assim. Lembro-me que quando era miúdo fazia-se uma partida semelhante. Esvaziava-se um ovo (fazendo com uma agulha um furo em cada polo, soprava-se ou sugava-se o líquido, gema e clara) nos orifícios passava-se um fio que depois servia para suspender o ovo nas costas de alguém.
Luís