terça-feira, 6 de abril de 2010
Hortinha na Varanda ou Ervas de cheiro na varanda
O manjericão é coisa que não pode faltar a qualquer amante de massa à italiana. Há quem lhe chame basílico ou alfavaca. Não deve ser consumido por grávidas, mas depois dizem que é bom durante a amamentação para as mães que tenham pouco leite.
A bela arruda que é boa para infusões de lavagem, e é calmante dos nervos, é um fortíssimo emenagogo talvez daí chamarem-lhe a erva das bruxas. A tradição que absorvemos das culturas africanas diz que ela afasta o mau olhado. Antigamente os padres cristãos católicos romanos usavam-na em ramo para aspergir a água benta. O cheiro forte é incomodativo para algumas pessoas. Será que este efeito repelente lhe acentuou a carga mágica?
Aromática mas de outra forma completamente diferente são as lavandas, às quais chamamos alfazemas esta espécie que tenho na varanda quase não produz flor o que é pena porque as abelhas que são visita da minha varanda adoram as flores da alfazema. Já tentei outras espécies de floração intensa mas aqui não se deram bem. Há plantas que só ao fim de dois anos se adaptaram à minha varanda e concerteza também a mim. As lavandas são óptimas para repelir os mosquitos nomeadamente aqueles que nos acordam de noite zumbindo e nos sugam o sangue. Aqui chamamos melgas a esses mosquitos. Saquinhos de lavanda (flores ou folhas) junto da cama tem efeito repousante no sono e protege dos insectos.
Os tomilhos são um mundo de sabores complexos e de aromas perfumados. A planta recolheu o nome latino a partir de um vocábulo grego que significa coragem "Thymon". Na verdade os tomilhos resistem em solos pedregosos e secos e resistem ao vento. A mesma espécie pode ter dois seres igualmente vicejantes estando um exposto poucas horas ao sol e o outro o dia todo. Cristo terá nascido num leito de tomilho.
Os alimentos temperados com tomilho necessitam de muito menos sal e ganham um perfume indescritível.
O chá de tomilho: Num recipiente de vidro ou loiça derramar um litro de água a ferver sobre uma colher de sopa de folhas da planta (uma pernadinha se for fresca). Deixar descansar 15 minutos e beber o mais quente possível. É um chá milagroso contra a tosse e para restabelecimento de pulmões obstruídos. O chá pode ser tomado preventivamente para enxaqueca, e como calmante dos nervos.
A salsa não precisará apresentação, mas de facto é tão vulgar que começa a ser menosprezada e até a cair em desuso. Como a arruda é um emenagogo pelo que deve ser evitada pelas mulheres em gestação. Em excesso poderá produzir cálculos renais.
Os tomateiros dão-se em vasos e as sementes guardadas de um ano para o outro tendem a dar plantas que produzem frutos pequenos do tamanho de cerejas. Não percebi ainda se o tamanho dos frutos está relecionado com o volume de terra disponível. Como é uma planta que necessita de muita água e desenvolve com alguma profundidade as suas raízes eu creio que há uma relação entre o tamanho da terra disponível com o tamanho do fruto. É o que eu chamaria de efeito bonsai. É claro que eu nos meus vasos não uso agroquímicos que promovam desenvolvimento forçado da planta.
Os coentros nunca se deram muito bem nos meus vasos. Sou um grande apreciador de coentros e consumo-os em quantidade. Até há pouco tempo eram desconhecidos na Europa. Lembro-me que em França num mercado o vendedor indicava que era para temperar pratos orientais. Aqui nas saladas nas sopas alentejanas e nas açordas alentejanas não pode faltar.
Outra erva de cheiro muito popular é o orégão. Os amantes de piza sabem do que falo. Se há erva que ligue com o gosto do tomate maduro são os orégãos normalmente usam-se as folhas secas. Aqui estão na sua forma verde, num vaso que tem um sobreiro.
Hortelã-pimenta é mais conhecida como aroma do que como planta é boa em tudo o que é refresco.
Aqui tenho o meu loureiro. Vai no seu segundo ano e promete aumentar em altura e em largura. Trouxe umas bagas de um loureiro que serve como sebe no castelo de Sesimbra. Tive pena que uma planta tão nobre fosse conformada em sebe. Decidi dar outro rumo à sua semente. De 10 bagas nascerem dois loureiros.
Antigamente chamava-se cana-da-Índia ao bambu. Foi uma planta que sempre me atraiu. Talvez devido à representação que dele faz a pintura chinesa antiga, ou pelo mistério associado ao seu ciclo de vida. Quando uma espécie de bambu floresce a planta morre de seguida. Novos bambus nascerão das sementes entretanto produzidas.
O que é extraordinário é que todos os individuos dessa espécie florescem em conjunto e morrem em conjunto. Em Inglaterra registou-se pela primeira vez esta observação nos frondosos jardins de bambu da rainha Victoria ainda durantae a sua vida. Inicialmente pensou-se que isso se deveria ao facto de serem clones devido à propagação por estaca de canas do mesmo individuo trazidas da Ásia. Mas hoje sabe-se que são individuos diferentes que florescem e morrem ao mesmo tempo qualquer que seja a latitude ou a longitude do local onde se encontrem. Outro fenómeno espantoso é que a floração pode ser muito rara e ocorrer uma vez em cem ou duzentos anos conforme a espécie de bambu. O bambu foi a primeira planta a renascer em Nagasaki após o lançamento da Bomba Atómica. Há espécies que podem crescer 1,20m num só dia. O bambu para tudo serve desde casa a alimento.
Abacateiro é uma árvore generosa a taxa de germinação das sementes será de 6 em cada 10. É rico em omega 3 e por isso é uma gordura vegetal que reduz o colestrol. As folhas são tal como o fruto boas para a prisão de ventre. Mastigadas ou em chá são boas para dentes e gengivas.
E agora no canto desta minha horta na varanda o sítio do Melro. Hoje não o fotografei mas podem vê-lo em postagens mais antigas na etiqueta Mira-bico que é como quem diz "Bird-watching"
A Erva-de-São Roberto ou bico de cegonha. O nome talvez venha da cor rubra dos caules e das folhas maduras. É muito boa para tratamentos de úlceras do estômago de problemas intestinais e do cólon. No séc. XII um Bispo de Salzburgo com o nome Rupertianum terá descrito as suas características hemostáticas talvez daí o nome Roberto. O nome bico de cegonha pode ser visto na forma dos botões das flores por abrir.
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4 comentários:
Amigo Luis
Sou apaixonada pelas ervas de cheiro. Eu também as cultivo no quintal. Amo a todas elas, mas, ai, o manjericão é demais! Ele enriquece um prato, por modesto que seja. Erva fina! Já, a alfazema, lembra minha avó, querida, linda, sempre perfumada, até chegar aos noventa e seis anos, idade que viveu.Alfazema era seu perfume.
Bem, sua postagem de hoje ( verdadeira delícia!), se me der corda, comento até amanhã! Gosto das coisas simples da vida...
Um abraço
quantas plantinhas, lindas, fontes de vida, ligação telurica na varanda:)
gostei !!!
abraços
Este teu post é um tratado sobre ervas aromáticas, sua utilização e propriedades!Excelente! Eu também as tenho por aí pelo jardim, e utilizo-as em tudo, desde infusões a saladas:))
(Gostei muito da tua exposição sobre a figura lendária de Joan Baez e a sua influência na cultura popular.
E obrigada pela visita ao meu "Quarteto")
Olá Luis, conheça a Horta Pronta Online, a Hortinha que já vem pronta,
http://sites.google.com/site/hortaprontaonline/
Grato, Eliel.
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