domingo, 21 de julho de 2019

Escrever a Vermelho ou andar com a cabeça na Lua.

Dizia o outro que beber vinho era dar de comida a um milhão de portugueses, também disse que escrever a vermelho era mandar à merda uns tantos. 
Na altura os vermelhos não estavam na moda, toda a gente da cidade andava com a cabeça na Lua. A menos que fôsse preocupação ter alguém, lá no ultramar, numa das frentes de guerra, a vida parecia tranquila. 
Só se escrevia a vermelho, só se usava a tinta vermelha para sinalizar algo muito importante ou avisar alguma falta grave. 
Assim se fazia nas repartições do estado: fôsse na escrita à máquina de uma ficha de um prisioneiro político torturado, no apontamento de um registo civil, na apreciação feita em uma caderneta militar, no carimbo de passaporte,... ou uma anotação manual feita na correcção de uma prova escolar e na nota final.
Deviam ser mais ou menos dois milhões os que podiam escrever a vermelho. Os que podiam mandar à merda. Quando sem esta protecção institucional alguém escrevia a vermelho para outrém logo este lhe perguntava: 
Escreves-te a ENCARNADO !?Estás a mandar-me à merda?

Hoje escrever a vermelho pode bem ser mandar à merda os que são nostálgicos desse tempo os que andavam com a cabeça na lua e os que hoje são seus herdeiros.



3 comentários:

Lilazdavioleta disse...

Só ? Não estarás a ser um pouco condescendente ?
Ou então o problema é meu ... a paciência esgotou- se !

Luis Filipe Gomes disse...

São muitos mais sim!

Justine disse...

Já nem é preciso escrever a vermelho, há modos mais subtis e enganadores...