segunda-feira, 13 de julho de 2015

Uma Taberna como uma Casa e esta Casa como uma Taberna.

Pelas tabernas passam todo o tipo de pessoas de bem. Pelo menos assim espera o taberneiro. Que venham e vão com a bênção de Dionysos.



 O taberneiro Diogo Rosa: Arquitecto, Professor, Fotógrafo, Escultor, Curador... Numa Palavra o Homem da Rosa, pendurando alguns desenhos que fiz na sua casa entre inumeráveis petiscos com que os amigos forneceram a Taberna.

 
Das Tabernas que eu conheci, as que mais se demoraram na minha memória foram as que simultâneamente eram Carvoarias e Casas de Pasto. Algumas eram também  Mercearias ou Vendas. Essas Vendas foram tão importantes que deram nome a localidades remotas que cresceram em seu redor: Venda da Esperança, Venda de Galizes, Venda das Raparigas... Eram lojas de pequena escala que anteciparam os super e os hipermercados e como eles já vendiam de tudo.

Este desenho foi feito em " Uma Taberna como uma Casa e esta Casa como uma Taberna", a pensar nesses locais de pausa, abrigo e convívio que eram e ainda são as derradeiras tabernas.
























O desenho refere várias profissões e ocupações dos frequentadores da taberna. Quase todas elas são masculinas porque a taberna é um dos locais de frequência masculina. Não que fôsse local interdito às mulheres, era sim um local não aconselhavel à sua permanência se estivessem desacompanhadas. As mulheres solitárias não eram bem vistas sem a presença tutorial masculina do pai, do marido ou de um irmão mais velho, sendo a única excepção a que era feita à família do taberneiro. A reprovação social paternalista justificava-se com a intenção de proteger a honra da mulher.

Este outro ilustra um passarinheiro fantástico. 
Os passarinheiros capturavam pássaros na natureza e à sua maneira cuidavam deles com desvêlo. Vinham depois à taberna colocar gaiolas com pássaros na esperança de estes poderem ser comprados pelos clientes da casa ou pelo próprio taberneiro. Era uso cobrirem as gaiolas com panos brancos que deixando passar o ar e a luz, impediam a visão das aves de uma gaiola para outra. Segundo os passarinheiros isso estimulava o canto das aves que tentavam cantar mais e mais forte que o rival que estava em outra gaiola.
























No tempo antigo da Ditadura em que não havia Liberdade e tudo era proíbido, sujeito a multa ou até prisão (*) pairavam pelas tabernas uns sujeitos que liam jornais durante horas:  Eram tipos simpáticos, folgazões falavam alto e bom som
atiçavam conversas, provocavam opiniões, criavam discussões. Eram colaboradores do regime, informadores, agentes da PIDE a polícia política à paisana, como então se dizia. 


(*)  (Saiu agora um livro que fala um pouco disso: "Proíbido" de António Costa Santos da editora Guerra e Paz)

 

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